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    Na COP27, Lula afirma que "a luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza"

    "Ninguém está a salvo", afirmou o presidente eleito ao cobrar maior compromisso de países ricos no combate às mudanças climáticas

    Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reprodução)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), discursou nesta tarde na 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 27) e falou na necessidade de aliar o combate às desigualdades ao combate ao aquecimento global.

    Ele ainda declarou que voltará à Presidência do Brasil "muito mais cobrador, para que a gente possa fazer um mundo efetivamente mais justo e humanamente melhor". 

    Confira os principais trechos:

    "A OMS alerta que a crise climática compromete vidas e gera impactos negativos na economia dos países. Segundo projeções da OMS, entre 2030 e 2050 o aquecimento global poderá causar aproximadamente 250 mil mortes adicionais ao ano por desnutrição, malária, diarréia e estresse provocado pela calor excessivo. O impacto econômico de todos esses processos, apenas no que se refere aos custos de danos diretos à saúde, é estimado pela OMS entre US$ 2 bilhões a US$ 4 bilhões de dólares por ano até 2030. Significa que ninguém - ninguém - está a salvo. Os Estados Unidos convivem com tornados e tempestades tropicais cada vez mais frequentes e com potencial destrutivo sem precedentes. Países insulares estão simplesmente ameaçados de desaparecer". 

    >>> 'Não haverá futuro enquanto continuarmos cavando um poço sem fundo de desigualdades', diz Lula na COP27

    "No Brasil, que é uma potência florestal e hídrica, vivemos em 2021 a maior seca em 90 anos, e fomos assolados por enchentes de grandes proporções, que impactaram a vida de milhões de pessoas. A Europa enfrenta uma série de fenômenos meteorológicos e climáticos. Apesar de ser o continente com menor taxa de emissão de gases de efeito estufa do planeta, a África também vem sofrendo efeitos climáticos extremos, enchentes e secas, elevação dos níveis dos mares. Repito: Ninguém está a salvo. A emergência climática afeta a todos, embora seus efeitos recaiam com maior intensidade sobre os mais vulneráveis. A desigualdade entre ricos e pobres manifesta-se até mesmo nos esforços para redução das mudanças climáticas. O 1% mais ricos da população do planeta vai ultrapassar em 30 vezes o limite das emissões de gás carbônico necessário para evitar que o aumento da temperatura global ultrapasse a meta de 1,5Cº até 2030. Esse 1% está a caminho de emitir 70 toneladas de gás carbônico per capita por ano. Enquanto isso, os 50% mais pobres do mundo emitirão em média apenas 1 tonelada per capita. Por isso, a luta contra o aquecimento global é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo".

    "Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida. Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação de nossos biomas até 2030, da mesma forma que mais de 130 países se comprometeram"

    "O combate à mudança climática terá o mais alto perfil na estrutura do meu próximo governo. Vamos priorizar a luta contra o desmatamento em todos os nossos biomas. Nos três primeiros anos do atual governo, o desmatamento na Amazônia teve um desmatamento de 73%. Somente em 2021, foram desmatados 13 mil km2. Essa devastação ficará no passado. Os crimes ambientais serão agora combatidos sem trégua. Vamos recriar e fortalecer todas as organizações de fiscalização e os sistemas de monitoramento, que foram desmontados nos últimos quatro anos. Vamos punir com rigo o responsável por qualquer atividade ilegal. Esses crimes afetam sobretudo os povos indígenas. Por isso, vamos criar o Ministério dos Povos Originários, para que os próprios indígenas apresentem ao governo propostas que garantam a eles sobrevivência digna, segurança, paz e sustentabilidade. Os povos originários e aqueles que residem na região amazônica devem ser os protagonistas da sua preservação. Os 29 milhões de brasileiros que moram na Amazônia têm que ser os primeiros parceiros, agentes e beneficiários de um modelo de desenvolvimento sustentável

    "Estamos abertos à cooperação internacional para preservar nossos biomas, seja em forma de investimento ou pesquisas científicas, mas sempre sob a liderança do Brasil, sem jamais renunciarmos à nossa soberania".

    "A produção agrícola sem equilíbrio ambiental deve ser considerada uma ação do passado. A meta que vamos perseguir é da produção com equilíbrio, sequestrando carbono e protegendo nossa imensa biodiversidade, buscando a regeneração do solo em todos os nossos biomas e o aumento da renda para agricultores e pecuaristas. O agronegócio brasileiro será um aliado estratégico do nosso governo na busca por uma agricultura regenerativa e sustentável, com investimento em ciência, tecnologia e educação no campo".

    "Estamos propondo uma aliança mundial pela segurança alimentar, pelo fim da fome e pela redução da desigualdade, com total responsabilidade climática".

    "Quero propor duas importantes iniciativas a serem apresentadas formalmente pelo meu governo. A primeira é a realização da Cúpula dos Países membros do Tratado de Cooperação Econômica, para que Brasil, Bolívia, Colômbia, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela possam, pela primeira vez, discutir de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região, com inclusão social e muita responsabilidade climática. A segunda iniciativa é oferecer o Brasil para sediar a COP30 em 2025. Seremos cada vez mais afirmativos diante do desafio de enfrentar a mudança do clima. tem muitas cidades querendo levar a COP para lá, e eu quero aqui dizer que eu vou defender de forma veemente que a COP seja realizada em um estado amazônico, para que as pessoas que defendem tanto a Amazônia tenham noção da importância dessa parte do mundo, que nós sozinhos não teremos forças nem dinheiro para cuidar com o cuidado que a Amazônia precisa. Em 2024 o Brasil vai presidir o G20. Esteja certos de que a agenda climática será uma das prioridades, até porque eu preciso discutir com os países ricos algumas decisões que já foram tomadas em várias outras COP e que não saem do papel e não são executadas. Não podemos ficar prometendo e não cumprindo".

    "Se pudermos resumir em uma única palavra a contribuição do Brasil neste momento, que essa palavra seja aquela que sustentou o povo brasileiro nos tempos mais difíceis: a palavra 'esperança', a esperança combinada com uma ação imediata e decisiva pelo futuro do planeta e da humanidade. Tenho repetido desde o momento em que eu era presidente: a ONU precisa avançar. Não é possível que a ONU seja dirigda sob a mesma lógica da geopolítica da Segunda Guerra. O mundo mudou, os países mudaram, os países mudaram, os países querem participar mais, os continentes querem estar representados e não há nenhuma explicação - não há nenhuma explicação - para que só os vencedores da Segunda Guerra Mundial sejam os que mandam e dirijam o Conselho de Segurança. É importante ter em conta que o mundo está precisando de uma liderança global, sobretudo na questão climática. Quando nós tomamos uma decisão e essa decisão é levada para o estado nacional, normalmente o estado nacional não concorda, os empresários não aceitam, os deputados e senadores não votam e não aprovam. Então aquilo que nós aprovamos aqui vai sendo um amontoado de papel que vai ficando dentro da gaveta, depois troca-se de gaveta e continua sem funcionamento. Temos que ter um fórum multilateral que decida com poder de decisão definitiva, para que seja aplicado. Se não, o tempo passa, a gente morre e as coisas não são cumpridas nesse mundo. Com esse objetivo que estou aqui falando em nome do povo brasileiro. Eu não voltei para fazer o mesmo que eu já tinha feito, eu voltei apara fazer mais, e por isso espere um Lula muito mais cobrador, para que a gente possa fazer um mundo efetivamente mais justo e humanamente melhor".

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