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    Número de conflitos armados no mundo é o maior desde a Segunda Guerra Mundial

    No total, dois bilhões de pessoas - um quarto da população global - vivem em situações de guerra atualmente. Nunca, desde 1945, tantas pessoas estiveram deslocadas ou refugiadas

    Pessoas carregam o corpo de palestino morto em ataque israelense no campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza 09/10/2023 (Foto: REUTERS/Mahmoud Issa)

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    247 - Nos primeiros dias de 2023, em uma reunião privada realizada na ONU, uma alta funcionária da organização fez um sério aviso aos governos presentes na sala. A própria essência da entidade estava em perigo de extinção. A razão para essa ameaça era o fato de que, desde a Segunda Guerra Mundial, o mundo nunca tinha testemunhado tantos conflitos armados como nos dias atuais. Um impressionante total de dois bilhões de indivíduos estava vivendo em zonas de conflito, o que representava um quarto da população mundial. O alerta foi feito por Amina Mohamed, subsecretária-geral da ONU, em uma afirmação que deixou os negociadores e diplomatas presentes desconcertados.

    "Hoje, enquanto assistimos o drama de famílias israelenses e palestinas, a constatação é de que os mecanismos, canais ou relações de poderes que existiam para estabelecer o diálogo estão soterradas. Organismos criados ainda em 1945 não dão mais respostas, enquanto uma nova realidade de poder e novas hegemonias regionais abalam as placas tectônicas em todos os continentes", avalia Jamil Chade, em coluna publicada no UOL.

    Segundo o Instituto para Economia e Paz, o ano de 2022 registrou o maior número de fatalidades em conflitos desde o genocídio em Ruanda, em 1994, totalizando 238 mil mortes. Destas, 100 mil ocorreram no conflito no Leste da África, especificamente na região de Tigray, enquanto a Ucrânia ocupou o segundo lugar com 83 mil mortes.

    Os conflitos estão cada vez mais se internacionalizando, envolvendo 91 países de alguma forma em situações de guerra ou confrontos no exterior. Em 2008, esse número era de apenas 58 países. Em 2022, o custo da violência atingiu a cifra de US$ 17,5 trilhões, representando 13% do PIB global, o que se traduz em mais de R$ 10 mil por pessoa em perdas. Este montante seria suficiente para erradicar a pobreza e a fome. No entanto, mais de 70 anos após a criação da ONU, cujo propósito é manter a paz no mundo, a realidade é que o sistema de segurança coletiva fracassou. Desde o fim da Guerra Fria, nunca houve um gasto tão expressivo em armas, ultrapassando os US$ 2,2 trilhões. Paralelamente, nunca tantas crises humanitárias ocorreram simultaneamente, com a ONU solicitando US$ 55 bilhões para auxiliar 250 milhões de pessoas necessitadas. É importante notar que nunca, desde 1945, tantas pessoas estiveram deslocadas ou refugiadas, totalizando 110 milhões.

    Os conflitos em locais como Haiti, Ucrânia, Iêmen, Síria e Israel/Palestina, assim como as tensões no Kosovo, Azerbaijão e em diversas outras partes do mundo, ilustram a incapacidade da comunidade internacional em estabelecer entendimentos e soluções. Não é por acaso que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, enfatiza em suas reuniões que o mundo se encontra em um momento crucial de sua história.

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