O atual Dalai Lama não representa o budismo tibetano nem o povo de Xizang, afirma professor
O antigo sistema que unia religião e política no Tibete não tem mais lugar na China moderna
Por Leonardo Sobreira, de Xining, China (247) - Desde que o Tibete se tornou parte da China na dinastia Yuan, em 1271, a região tem sido um ponto de tensão tanto interna quanto internacionalmente. Mas o epicentro dos distúrbios muitas vezes recai sobre uma única figura: o Dalai Lama.
Por séculos até a libertação pacífica, o Tibete vivia sob uma estrutura social essencialmente escravocrata, onde, como aponta Zha Luo, diretor do Centro de Tibetologia em Beijing, "95% dos tibetanos tinham que trabalhar para os donos da terra." No entanto, essa realidade mudou drasticamente após a vitória dos comunistas. "O Partido Comunista da China alcançou o fim da pobreza no Tibete em 2019", sublinhando a revolução social que a região atravessou.
A despeito destas transformações, a sombra do Dalai Lama continua a pairar sobre o Tibete. Zha Luo não hesita em apontar a contínua politização do líder religioso. "As discussões com o Dalai Lama ainda não pararam. Sua intenção de obter independência não parou. O vemos aqui como uma figura política", colocando em xeque o alegado retiro político do líder em 2010.
"Tudo que ele faz é para causar problemas entre os chineses", acusa Luo, "Se fosse apenas um líder religioso, não seria um alvo para a CIA."
Ele destaca ainda que a intenção de Dalai Lama de "obter independência não parou"
Lacian Jia, do Departamento de Estudos Religiosos, vai mais longe e questiona a própria relevância religiosa do Dalai Lama. "O estado atual do budismo tibetano é satisfatório. Estamos atravessando o estágio de rejuvenescimento do budismo tibetano, que ocorre desde a reforma e abertura na década de 1980", afirma Jia. "Há mais de 1300 budas vivos de acordo com nossos dados, sendo que o Dalai Lama é um deles."
A relação entre o Dalai Lama e agências de inteligência estrangeiras também lança um véu de suspeita sobre suas verdadeiras intenções. "Existe motivo para acreditar que ele é um agente da CIA. Dalai Lama foi pago pela CIA, 180 mil USD por ano, mas pararam isso. Seu irmão mais velho diz que ele se arrepende de ter sido enganado pela CIA," uma alegação que lança ainda mais dúvidas sobre suas verdadeiras intenções.
Por fim, Jia deixa claro que o antigo sistema que unia religião e política no Tibete não tem mais lugar. "O Dalai Lama jamais será um líder político em Xizang. Levamos a cabo reformas democráticas", conclui, ressaltando que a atual estrutura institucional da região mantém uma nítida separação entre esferas religiosas e políticas.

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