ONU entra em alerta para eleições no Brasil, pede instituições fortes e cita violações dos direitos humanos
A Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, cobra independência das instituições brasileiras em ano de eleição e mostra preocupação com a violência
247 - Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet incluiu o Brasil no rol de países que preocupam a entidade, segundo Jamil Chade, do UOL. O informe é apresentado nesta segunda-feira (13) diante do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra. Este é o último discurso de Bachelet na liderança do órgão internacional. Ela deixará o cargo após quatro anos.
A comissária se mostrou preocupada com violações dos direitos humanos no Brasil e lembrou da eleição presidencial no país neste ano, pedindo instituições fortes. "No Brasil, estou alarmado com as ameaças contra os defensores dos direitos humanos ambientais e os povos indígenas, incluindo a exposição à contaminação por mineração ilegal de ouro".
"Os casos recentes de violência policial e racismo estrutural são preocupantes, assim como os ataques contra legisladores e candidatos, particularmente os de origem africana, mulheres e pessoas LGBTI+, antes das eleições gerais de outubro", acrescentou.
Sem citar Jair Bolsonaro (PL), ela pediu para que as instituições brasileiras se mantenham firmes e separadas. "Apelo às autoridades para que garantam o respeito aos direitos fundamentais e instituições independentes".
O Brasil foi incluído por Bachelet em uma lista de cerca de 30 locais pelo mundo considerados 'preocupantes' em relação às violações de direitos humanos. Segundo a comissária, o país vive "situações críticas e que exigem ações urgentes". Há no Brasil, de acordo com ela, uma "tendência perturbadora de redução do espaço cívico, incluindo ataques a defensores dos direitos humanos e jornalistas, e restrições indevidas à liberdade de expressão e da mídia". Aparecem também na lista a Rússia, Estados Unidos, Turquia, Haiti, México, Guatemala, Mali, China e outros.
Ao falar do encolhimento do espaço cívico, sem citar o Brasil diretamente, Bachelet exaltou a democracia. "As lições aqui são claras, e são visíveis nos países mais poderosos do mundo, ocidentais e orientais. Quando adotamos leis que discriminam com base na religião, tomamos atalhos por grupos que traçam perfis, damos ampla licença à aplicação da lei sem supervisão independente suficiente, prejudicamos não apenas nossa credibilidade, mas nossa estabilidade. Eleições livres e justas são críticas, mas as pessoas medirão o sucesso da democracia pela medida em que sentirem diferenças tangíveis em suas vidas. Sociedades abertas podem ser caóticas, com suas falhas visíveis para todos, e seus resultados não são imediatos. Mas é um caminho firme".
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