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    “Os Estados Unidos fizeram da guerra contra a corrupção um substitutivo da guerra contra o terror”, diz Celso Amorim

    O ex-chanceler dos governos Lula avalia que o novo fronte da geopolítica estadunidense, que gira em torno de uma suposta guerra contra a corrupção, visa “remover regimes incômodos e favorecer práticas que melhorem as condições de competitividade das empresas norte-americanas”. Assista

    Celso Amorim (Foto: Wilson Dias/Agencia Brasil)

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    247 - O ex-chanceler dos governos Lula, Celso Amorim, em entrevista à TV 247, categorizou como o novo fronte da estratégia geopolítica estadunidense a guerra contra a corrupção. Para ele, o processo favorece empresas dos Estados Unidos, conforme visto na Operação Lava Jato, que atingiu o Brasil e países vizinhos.

    Repercutindo a matéria do Le Monde que revela como o ex-juiz Sergio Moro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por parcialidade, trabalhou contra o Brasil e a favor dos interesses econômicos e geopolíticos dos Estados Unidos na Lava Jato, Amorim disse:

    “É explícito na Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA, na sigla em inglês). Primeiro que eles fizeram da guerra contra a corrupção quase que um substitutivo da guerra contra o terror. Embora eles não tenham abandonado totalmente a outra, perdeu muito a ênfase que tinha no governo Bush, e a guerra contra a corrupção praticamente tomou o lugar. E o objetivo de favorecer geopoliticamente, mas também favorecer as empresas norte-americanas na competição, é explícito, e aparece nessa matéria. Isso está ficando claro internacionalmente também”.
    “Claro que ninguém quer corrupção. É preciso combatê-la. Mas faz parte de um uso explícito, que algumas pessoas chamam de guerra híbrida. É uma maneira de remover regimes incômodos e favorecer práticas que melhorem as condições de competitividade das empresas norte-americanas. As empresas brasileiras tinham tomado aqui na América do Sul, com participação e financiamento não do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas da CAF (Corporação Andina de Fomento)”, completou.

    Peru

    Amorim lembrou do caso do Peru, que tem quatro ex-presidentes investigados por relações com a Odebrecht: “Se houve práticas ilegais, elas têm de ser combatidas, tudo bem, mas veja, a própria fragmentação que ocorreu no Peru é um pouco o espelho dessa coisa que está acontecendo. Vários ex-presidentes foram acusados e não sabemos até que ponto as coisas são verdadeiras. E, de qualquer maneira, a forma como foi feita é totalmente irregular e com objetivos políticos nítidos”.

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