TV 247 logo
    HOME > Mundo

    Pepe Escobar: o mundo será mais protecionista no pós-coronavírus

    Jornalista afirma que a paralisação industrial causada pela pandemia de coronavírus ocasiona o rompimento das cadeias produtivas globais. Desta forma, a economia mundial pode responder com uma antiglobalização, com o protecionismo sendo reforçado pelos países. “A gente não tem a menor ideia de como o pós-Covid-19 vai se articular”. Assista na TV 247

    Pepe Escobar (Foto: Brasil 247)

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    247 - O jornalista Pepe Escobar conversou com a TV 247 sobre o rumo da economia mundial depois da pandemia de coronavírus. Para ele, os países se tornarão mais protecionistas, como produto de um processo de rompimento das cadeias produtivas. “Todo mundo vai ser protecionista daqui para frente”, declarou.

    Pepe Escobar afirmou que a quarentena que está sendo praticada em vários pontos do mundo impede a liberdade de movimento e de comércio, e que, portanto, afeta a rota de suprimentos globais, podendo então ocasionar em uma “globalização 2.0” ou em uma “antiglobalização 2.0”. “Em uma situação global que impede a liberdade de movimento e está impedindo a liberdade de comércio também, com o planeta enclausurado, com as fábricas rodando a 20% talvez da sua capacidade, como é que você vai botar essas cadeias de suprimentos globais, que são extremamente complexas e fragmentadas, a funcionar como funcionavam antes? Isso a gente já sabe que não vai rolar, o que nós não sabemos é o que isso vai gerar na sequência, qual vai ser essa globalização 2.0, que na verdade pode ser uma antiglobalização 2.0”, expôs.

    “Essa antiglobalização 2.0 era o que os Estados Unidos estavam querendo antes da pandemia. É instaurar um divórcio entre os Estados Unidos e a China, as empresas americanas que investiram na China nesses últimos 40 anos, na cabeça deles, voltariam aos Estados Unidos e os Estados Unidos poderiam recuperar sua capacidade de manufatura. Não é assim, não acontece de um dia para o outro e eles não sabem nem como fazer isso”, disse o jornalista.

    Tendo em vista uma possível resposta norte-americana de acirramento da disputa comercial com os EUA, a China já prepara o terreno para expandir negócios com a Europa, de acordo com Pepe Escobar. “A gente não tem a menor ideia de como o pós-Covid-19 vai se articular. O que os chineses já estão pensando? Eles já começaram a fase 1, que é botar a indústria interna deles a funcionar ao máximo, a todo o vapor, o mais cedo possível. Isso significa que eles suprem o mercado interno sem problemas, vai sempre ter um excedente que eles podem exportar. Se eles não podem exportar mais para os Estados Unidos, isso significa que eles têm que conquistar mais fatias de mercado especialmente com os europeus. É onde entra essa ofensiva de soft power e onde entra essa narrativa chinesa de tentar explicar que ‘tudo o que a gente está querendo fazer de bom desde que explodiu o vírus, nós conseguimos contê-lo, analise a nossa metodologia e vamos fazer negócios’”.

    O jornalista alerta que nem todos os países têm capacidade para sobreviverem em um mundo de antiglobalização, já que, muitas vezes, não têm autonomia agrícola ou energética, por exemplo. “Há países que têm capacidade industrial, agrícola para serem independentes da globalização e outros não, outros que estão completamente plugados e várias das sua indústrias principais dependem da globalização. Um exemplo simples na Tailândia: turismo é 20% do PIB, se eles perdem 20% do PIB eles não têm onde recuperar. Países que têm uma economia diversificada é muito mais fácil, por exemplo, a Coreia do Sul, que tem um parque industrial sofisticado”, analisou.

    Inscreva-se na TV 247 e assista à entrevista na íntegra:

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: