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Referendo da UE na Moldávia tem desfecho apertado; presidente denuncia interferência na votação

Pequena república pós-soviética está dividida entre a Rússia e o Ocidente

Maia Sandu (Foto: JOHANNA GERON/REUTERS)

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247 - Uma estreita maioria de 50,17% votou "sim" no referendo crucial da Moldávia sobre a adesão à União Europeia (UE), mostraram resultados quase finais nesta segunda-feira (21), após a presidente, Maia Sandu, afirmar que as duas votações de domingo (20) foram marcadas por uma "interferência externa sem precedentes". As informações são da agência Reuters.

Com a apuração dos primeiros resultados no final do domingo, cerca de 57% dos moldavos inicialmente pareciam ter votado “não” no referendo. À medida que mais votos foram contados, o voto “sim” subiu gradualmente, ultrapassando o “não” na manhã de segunda-feira.

O resultado apertado - com menos de 1,5% dos votos ainda por contar - está longe de ser uma aprovação contundente do caminho pró-UE que Sandu vem perseguindo ao longo de quatro anos à frente da pequena república pós-soviética, dividida entre a Rússia e o Ocidente.

Como parte do referendo, os cidadãos tiveram que responder a uma única pergunta: "Você apoia a alteração da Constituição para permitir que a República da Moldávia ingresse na União Europeia?".

Uma eleição presidencial, que ocorreu simultaneamente, deu a Sandu 42% dos votos, enquanto seu principal rival, o ex-procurador-geral Alexandr Stoianoglo, obteve 26%, configurando um segundo turno acirrado entre os dois em 3 de novembro.

As votações, que ocorreram após uma série de alegações de interferência eleitoral, foram vistas como um teste do compromisso da nação do sudeste europeu em aderir à União Europeia e se afastar definitivamente da órbita de Moscou.

O resultado apertado do referendo coloca Sandu em uma posição mais fraca para o segundo turno, já que ela tem sido a principal defensora da integração à UE.

A ideia do referendo foi criticada por forças de oposição na Moldávia. A oposição está convencida de que o referendo não reflete tanto as aspirações do povo, mas serve mais como uma ferramenta para fortalecer a posição das atuais autoridades antes das eleições presidenciais e parlamentares.

Stoianoglo declarou que, se chegar ao poder, adotará uma política externa “equilibrada”, envolvendo relações com a UE, Rússia, Estados Unidos e China. Ele boicotou o referendo de domingo, chamando-o de uma manobra para aumentar a votação de Sandu.

A Moldávia iniciou o longo processo de negociações formais de adesão em junho e, sob o governo de Sandu, tem como objetivo ingressar até 2030. Os laços com Moscou se deterioraram quando Sandu condenou a operação militar da Rússia contra a Ucrânia e diversificou o fornecimento de energia, afastando-se do Kremlin.

'EVIDÊNCIAS CLARAS' - Nas primeiras horas de segunda-feira, Sandu se dirigiu aos cidadãos moldavos, afirmando haver "evidências claras" de que grupos criminosos, em conluio com “forças estrangeiras hostis aos nossos interesses nacionais”, tentaram comprar 300 mil votos.

Ela afirmou que isso equivalia a uma “fraude de escala sem precedentes”.

"Grupos criminosos... atacaram nosso país com dezenas de milhões de euros, mentiras e propaganda, utilizando os meios mais vergonhosos para manter nossos cidadãos e nossa nação presos na incerteza e instabilidade", disse ela.

Ainda aguardando os resultados finais, ela afirmou que a Moldávia responderia com "decisões firmes", sem dar mais detalhes.

No período que antecedeu a votação, as autoridades fizeram várias declarações sobre supostas tentativas coordenadas de interferência no pleito pelo líder opositor Ilan Shor, que vive na Rússia.

Nesta segunda-feira, Shor classificou no Telegram os resultados eleitorais como uma "derrota esmagadora". Segundo o político, Sandu não conseguirá convencer o povo do contrário. “Esta é uma derrota esmagadora. O povo moldavo se manifestou. Sandu, você ouviu? Nem a sua UE, nem você, nem os seus mestres europeus são necessários aqui. Como você irritou tanto as pessoas que, mesmo com seus poderosos recursos administrativos, bloqueios, prisões, fraude eleitoral, você foi simplesmente expulsa com um estrondo. Todos entendem que agora você está tentando com todas as forças roubar votos”.

A Rússia, que acusa o governo de Sandu de “russofobia”, negou ter interferido, enquanto Shor negou qualquer irregularidade.

A polícia acusou Shor, que foi condenado à prisão in absentia por fraude e por seu papel no roubo de US$ 1 bilhão, de tentar comprar uma rede de pelo menos 130 mil eleitores para votarem “não” e apoiarem “nosso candidato” nas eleições.

Antes da votação, as autoridades derrubaram recursos online que alegavam hospedar desinformação, anunciaram que haviam descoberto um programa na Rússia para treinar moldavos para organizar distúrbios em massa e abriram processos criminais contra aliados de Shor.

O analista político Valeriu Pasha disse que o voto “sim” só superou o “não” devido à participação eleitoral excepcionalmente alta da diáspora moldava no exterior, que apoia amplamente a integração à UE.

"Com essas eleições, nas quais dezenas de (pontos percentuais) podem ser comprados, será muito difícil para nós no futuro. Mas devemos aprender lições e aprender a combater esse fenômeno", disse ele.

KREMLIN SE PRONUNCIA - A eleição na Moldávia não foi livre, e os resultados mostraram um aumento "difícil de explicar" nos votos a favor da presidente Maia Sandu e da UE, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta segunda-feira.

"O que vemos é uma taxa de aumento de votos a favor de Sandu e daqueles que participaram do referendo a favor de uma orientação para a UE que é mecanicamente difícil de explicar", afirmou Peskov.

Peskov descreveu a campanha eleitoral da Moldávia como "não livre", reclamando que a oposição foi impedida de fazer campanha e foi submetida à repressão pelas autoridades.

"Eles foram perseguidos, jogados na prisão, interrogados, não foram permitidos no país, a mídia foi fechada, os recursos da Internet foram bloqueados, e assim por diante", afirmou Peskov.

"Se ela está dizendo que não recebeu votos por causa de certos grupos criminosos, ela deve apresentar provas", disse Peskov.

"E seria bom que a senhora Sandu explicasse um número tão grande de vozes que discordam de sua linha. Estes também são gangues criminosas? Ou ela quer dizer que os cidadãos moldavos que não a apoiam estão associados a gangues criminosas? Há muitas nuances aqui".

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