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    "Riviera" de Gaza de Trump ecoa sonhos imobiliários à beira-mar do próprio genro

    Ideia do presidente estadunidense equivale a uma limpeza étnica e seria ilegal de acordo com o direito internacional

    Donald Trump (Foto: Reuters/Carlos Barria)
    Guilherme Paladino avatar
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    JERUSALÉM (Reuters) - A visão do presidente dos EUA, Donald Trump, de uma Faixa de Gaza sem seus habitantes palestinos e transformada em um resort de praia internacional sob o controle dos EUA reviveu uma ideia lançada por seu genro Jared Kushner há um ano.

    A ideia, delineada por Trump em uma coletiva de imprensa na terça-feira, provocou reações de choque tanto dos palestinos quanto de críticos ocidentais, que afirmam que isso equivaleria a uma limpeza étnica e seria ilegal de acordo com o direito internacional.

    Mas essa não foi a primeira vez que Trump falou de Gaza em termos de oportunidades de investimento imobiliário. Em outubro do ano passado, ele disse a um entrevistador de rádio que Gaza poderia ser "melhor do que Mônaco" se fosse reconstruída da maneira correta.

    A ideia de uma reconstrução radical de Gaza foi ventilada logo depois que Israel iniciou sua campanha no estreito enclave costeiro após o ataque liderado pelo Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, principalmente por Kushner, que, como enviado especial para o Oriente Médio no primeiro mandato de Trump, ajudou a conduzir os "Acordos de Abraão", normalizando as relações entre Israel e vários países árabes.

    "Um imóvel à beira-mar de Gaza poderia ser muito valioso", disse Kushner, que certa vez descreveu todo o conflito árabe-israelense como "nada mais do que uma disputa imobiliária entre israelenses e palestinos" em um evento em Harvard em fevereiro de 2024.

    "É uma situação um pouco infeliz, mas acho que, do ponto de vista de Israel, eu faria o possível para tirar as pessoas de lá", disse ele. O próprio Kushner era um promotor imobiliário em Nova York antes do primeiro mandato de Trump.

    Um porta-voz de Kushner não respondeu imediatamente a um pedido de comentário para esta história.

    Também havia dúvidas sobre como a proposta de Trump deveria ser entendida, dada a sua reputação de negociador, acostumado a perturbar seus parceiros de negociação com ataques de ângulos inesperados.

    A Arábia Saudita, a potência predominante no mundo árabe, "não levará essa declaração muito a sério", disse uma fonte próxima à corte real em Riad. "Ela não foi bem pensada e é impossível de ser implementada, portanto, ele acabará percebendo isso."

    Em um comunicado nesta quarta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita disse que o reino rejeitou qualquer tentativa de deslocar os palestinos de suas terras. Tanto a Autoridade Palestina quanto o Hamas também condenaram os comentários.

    A Reuters não conseguiu determinar se Kushner, cuja empresa de private equity recebeu investimentos de países do Golfo, incluindo US$2 bilhões da Arábia Saudita, se envolveu em alguma discussão na região sobre o investimento em Gaza.

    Para os palestinos, por mais improvável que possa parecer a ideia de Gaza como um resort à beira-mar, esse tipo de conversa lembra a "Nakba" ou catástrofe após a guerra de 1948, no início do Estado de Israel, quando 700.000 pessoas fugiram ou foram forçadas a deixar suas casas.

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