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    'Século 21 pertence ao Pacífico, mas Brasil pode chegar à nova realidade', diz analista chinês

    Segundo o reitor executivo do Instituto Cheongyang da Universidade Renmin (China), Wang Wen, haverá "uma mudança estrutural no mundo, na qual "a China ultrapassará os EUA

    Xi Jinping, presidente da China (Foto: Mídia chinesa)

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    Agência Sputnik - Os países da região do Pacífico devem dominar a economia e política do século 21. Para analista chinês, o Brasil e a América Latina estão preparados para se integrar a essa nova realidade.

    Nesta terça-feira (6), especialistas da China, Rússia e Índia debateram a nova arquitetura internacional que deve emergir no século 21, no âmbito do Fórum Econômico do Oriente, realizado na cidade de Vladivostok.

    "O século 21 será da região do Pacífico. E acredito que a América Latina e o Brasil estão preparados para se integrar a essa realidade", disse o reitor executivo do Instituto Cheongyang da Universidade Renmin (China), Wang Wen, à Sputnik Brasil.

    Segundo ele, haverá "uma mudança estrutural no mundo nas próximas décadas", na qual "a China ultrapassará os EUA e será a primeira economia do mundo e a Índia ultrapassará em breve o Reino Unido, e depois a Alemanha”, acredita Wang.

    O analista aposta que, dentro de vinte anos, as principais economias mundiais serão a China, a Índia, os EUA e o Japão. 

    "E onde estará a Europa? O velho mundo está em declínio. Por isso, teremos um novo mundo, com outra economia e valores. Uma nova civilização", prevê o analista chinês.

    Através da liderança de países como a Argentina e o Brasil, a América Latina poderá participar dessa nova geografia mundial e se integrar ao que se convencionou chamar "Extremo Oriente", disse Weng à Sputnik Brasil.

    Para ele, no entanto, a denominação Extremo Oriente tem uma conotação negativa, pois remete à ideia de uma área marginalizada e remota, o que ele considera uma visão limitadora.

    "Nunca ouvimos ninguém chamar a Europa de Extremo Ocidente", notou Wang. "Na China, raramente usamos esse termo, que é considerado eurocêntrico".

    Para diminuir essa suposta distância, Wang aposta na expansão dos BRICS, com a adesão de países como a Argentina e Irã. Seu colega indiano, Bai Krishan Sharma, diretor da United Service Institution of India (USI), concorda.

    "Precisamos de mais diálogo em mecanismos como a Organização para Cooperação de Xangai [OCX], o BRICS e o RICS, que poderão garantir uma nova balança de poder entre as potências Rússia, China e Índia", acredita Sharma.

    O analista indiano lamenta que o conflito ucraniano fomente a polarização entre a aliança ocidental e a aproximação russo-chinesa. Mas nega que a Índia vá optar por ressuscitar estruturas como o movimento dos não alinhados.

    O Movimento dos Não Alinhados, criado em 1950, reunia países que não tinham interesse em se aliar nem aos EUA, nem à URSS, que eram as potências dominantes na época.

    "O contexto estrutural é muito diferente do que tínhamos durante a época da Guerra Fria, que era claramente polarizado. Estamos em um mundo mais disperso e ainda não estamos divididos entre blocos antagônicos", disse Sharma à Sputnik Brasil.

    O analista notou que a Índia não tem interesse no surgimento de uma nova polaridade e não quer que "um país hegemônico seja simplesmente substituído por outro".

    "A Índia quer desenvolver uma ordem mundial baseada em potências médias. Não queremos ficar esmagados entre duas grandes potências", disse o analista indiano à Sputnik Brasil.

    Segundo ele, a Índia desenvolveu o conceito de 'alianças multivetoriais', que defende a cooperação entre alianças regionais, como a ASEAN e a OSX.

    "Essas organizações regionais podem encontrar seus interesses comuns e, dessa forma, desenvolver uma ordem mundial mais igualitária e representativa", disse Sharma à Sputnik Brasil. "Esse é o projeto que a Índia defende."

    Ele alerta, no entanto, que para realizar o ideal do mundo multipolar será necessário evitar a eclosão de novos conflitos. Weng concorda, e nota que o desenvolvimento da China nos últimos 40 anos se deve ao ambiente pacífico que prevalece na Ásia.

    "Forças estrangeiras - ou melhor dizendo, os EUA - querem provocar uma guerra no Extremo Oriente para evitar o desenvolvimento da região. Então, o mais importante agora é mantermos a paz, evitarmos qualquer tipo de conflito, seja entre China e Índia ou no mar do Sul da China", concluiu o analista.

    Especialistas em Relações Internacionais de dezenas de países asiáticos estão reunidos no Fórum Econômico do Oriente, que ocorre em Vladivostok (Rússia) entre os dias 5 e 8 de setembro. O Fórum, realizado anualmente, reúne representantes de mais de 60 países e contará com a presença do presidente russo Vladimir Putin no dia 7 de setembro.

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