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    'Somos os legítimos donos deste país', diz líder da revolta síria em discurso de vitória

    Abu Mohammed al-Julani, do grupo armado Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que derrubou Bashar al-Assad, discursou na Mesquita Omíada

    Abu Mohammed al-Julani (Foto: Media Branch of Syrian Rebel Operations Room/via Reuters)

    247 - Logo nas primeiras horas deste domingo (8), Bashar al-Assad renunciou à presidência da Síria após negociações envolvendo múltiplos atores do conflito no país e a tomada de Damasco pelo grupo armado Hayat Tahrir al-Sham (HTS). A informação foi divulgada oficialmente pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia por meio de seu canal no Telegram: “como resultado das negociações entre Bashar al-Assad e vários participantes do conflito armado no território da República Árabe Síria, ele tomou a decisão de renunciar à presidência e deixar o país, dando instruções para uma transferência pacífica de poder. A Rússia não estava envolvida nessas negociações".

    Depois do triunfo, Abu Mohammed al-Julani, líder do HTS, declarou publicamente sua vitória. Em um discurso na icônica Mesquita Omíada, localizada na cidade velha de Damasco, al-Julani exaltou a conquista, dedicando-a a "todos os sírios”.

    “O regime [de al-Assad] aprisionou milhares de seus próprios civis injustamente e sem que eles cometessem nenhum crime”, disse ele, em comentários registrados pela Al Jazeera Mubasher.

    O líder rebelde destacou que a vitória foi fruto de uma luta contínua e reafirmou a legitimidade de seu movimento. “Nós somos os legítimos donos [deste país], temos lutado e hoje fomos recompensados ​​com esta vitória".

    Ele também convocou os seguidores a realizarem orações em agradecimento, expressando confiança em um futuro renovado para a Síria. “Deus não falhará com vocês. Esta vitória é para todos os sírios; todos eles fizeram parte desta vitória".

    O futuro da Síria - A renúncia de Bashar al-Assad marca o fim de um governo que durou mais de duas décadas. Com seu afastamento, o futuro da Síria permanece incerto, mas a comunidade internacional já se mobiliza para evitar um vácuo de poder e assegurar uma transição pacífica.

    Quem é Abu Mohammed al-Julani - bu Mohammed al-Julani, líder do grupo armado Hayat Tahrir al-Sham (HTS), desempenhou papel central na deposição do governo de Bashar al-Assad na Síria. Segundo reportagem da Al Jazeera, al-Julani consolidou sua posição como uma das figuras mais poderosas no complexo cenário do conflito sírio, liderando ofensivas significativas, como a captura de Aleppo em apenas três dias.

    Líder do HTS, al-Julani fundou o grupo com foco na criação de uma "república islâmica" na Síria, distanciando-se de outros movimentos transnacionais. Desde 2016, ele tem buscado apresentar o HTS como um governo legítimo nas áreas sob seu controle, oferecendo serviços como educação, saúde e infraestrutura por meio do Governo de Salvação Sírio, estabelecido em 2017. No entanto, relatos de repressão, desaparecimentos e violência contra manifestantes críticos mancham a imagem do grupo.

    Nascido Ahmed Hussein al-Sharaa, em 1982, na Arábia Saudita, al-Julani cresceu perto de Damasco antes de ingressar na Al-Qaeda no Iraque em 2003. Detido pelas forças dos Estados Unidos em 2006, passou cinco anos sob custódia. Após sua libertação, foi encarregado de estabelecer a filial síria da Al-Qaeda, conhecida como Frente al-Nusra. Nos anos seguintes, al-Julani rejeitou a transformação da Frente al-Nusra em Estado Islâmico (ISIS), mantendo sua lealdade à Al-Qaeda até anunciar a independência de seu grupo em 2016.

    Em 2017, o HTS surgiu como resultado da fusão de diversas facções armadas, estabelecendo-se como o maior grupo de oposição armada na Síria. Apesar de declarar foco em uma agenda nacional, al-Julani e o HTS permanecem designados como organizações terroristas por entidades como as Nações Unidas, EUA e União Europeia.

    Nos últimos anos, al-Julani buscou reposicionar o HTS, tentando projetar uma imagem de governança responsável e disposição para cooperação internacional. Analistas, como Hassan Hassan, destacam que ele procura legitimar o grupo no cenário global, apesar das acusações de repressão interna e o rótulo de terrorismo.

    Enquanto o HTS continua operando em Idlib, al-Julani permanece como uma figura controversa, cujo impacto reverbera dentro e fora da Síria.

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