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    Tensão comercial e territorial: China aposta em resiliência frente aos EUA

    Segundo analistas, é improvável que Donald Trump ou Kamala Harris mude a política externa e vão manter a rivalidade geopolítica com Pequim

    Bandeiras da China (à esq.) e dos EUA (Foto: REUTERS/Aly Song)

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    Por Antoni Slodkowski e Liz Lee e Larissa Liao

    PEQUIM (Reuters) - Enquanto os eleitores norte-americanos votam em uma das mais disputadas eleições presidenciais em décadas, a China se prepara para um cenário que -- independentemente de quem vencer -- envolveria mais quatro anos de amarga rivalidade entre as superpotências em temas como comércio exterior, tecnologia e segurança.

    Estrategistas em Pequim disseram que, ainda que esperem uma retórica mais inflamada e tarifas potencialmente paralisantes do candidato republicano Donald Trump, alguns afirmaram que ele poderia ser movido pelo pragmatismo e pela disposição de fazer acordos sobre comércio e Taiwan.

    Da candidata democrata Kamala Harris, Pequim espera previsibilidade e uma continuação da abordagem do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, centrada em trabalhar com aliados em questões relacionadas à China, como restrições tecnológicas, Taiwan e conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio.

    É improvável que qualquer um dos resultados cause uma mudança, disseram os analistas, dada quão ampla a rivalidade geopolítica com Pequim se tornou e como é politicamente letal até mesmo a percepção de estar mais próximo da China para ambos os partidos em Washington.

    "Independentemente de quem for eleito, as tensões estruturais são uma realidade inegável e se tornaram um consenso bipartidário amplamente aceito dentro dos EUA", disse Henry Huiyao Wang, do think tank Center for China and Globalization, com sede em Pequim.

    As políticas para a China dos futuros governos de Trump ou de Kamala "provavelmente serão estrategicamente consistentes", disseram os especialistas da Universidade de Pequim, Wang Jisi, Hu Ran e Zhao Jianwei, em seu artigo na revista Foreign Affairs.

    "Como presidentes, ambos apresentariam desafios e desvantagens para a China e nenhum dos dois parece propenso a querer um grande conflito militar ou cortar todos os contatos econômicos e sociais", disseram eles, acrescentando que, por causa disso, "é improvável que Pequim tenha uma preferência clara".

    Pesquisas de opinião mostram Trump, 78, e Kamala, 60, praticamente empatados. O vencedor pode não ser conhecido por dias após a votação, embora Trump já tenha sinalizado que tentará lutar contra qualquer derrota, como fez em 2020.

    A maior diferença em relação à política com a China está no comércio exterior, tema no qual Trump sugeriu colocar tarifas superiores a 60% sobre importações chinesas e o fim do status de nação favorecida da China.

    Essa ameaça sozinha preocupou o complexo industrial da China, que vende bens no valor de mais de 400 bilhões de dólares anualmente para os EUA e centenas de bilhões a mais em componentes para produtos que os norte-americanos compram de outros lugares.

    Fabricantes entrevistados pela Reuters esperam que essas tarifas perturbarão as cadeias de suprimentos e reduzirão ainda mais os lucros chineses, prejudicando empregos, investimentos e um crescimento já em declínio. Uma guerra comercial aumentaria os custos de produção e os preços ao consumidor nos EUA, mesmo que as fábricas se relocassem, disseram eles.

    Novas tarifas poderiam ser "muito desafiadoras para Pequim, dado as dificuldades econômicas na China", disse Zhao Minghao, professor da Universidade Fudan, com sede em Xangai.

    Ele acrescentou que Pequim também tem "preocupações mais profundas com o futuro do sistema econômico e comercial internacional", devido à proposta de Trump para uma tarifa de 10% sobre todos os bens de outros países.

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