União Europeia rejeita pressão dos EUA e apoia Cuba
A União Europeia (UE) reafirmou nesta segunda-feira seu apoio ao desenvolvimento de Cuba e destacou seu papel como interlocutor na América Latina, apesar das pressões dos Estados Unidos .
AFP - A União Europeia (UE) reafirmou na segunda-feira (9) seu apoio ao desenvolvimento de Cuba e destacou seu papel como interlocutor na América Latina, apesar das pressões dos Estados Unidos.
"Nos tempos incertos que vivemos, valorizamos muito que nossos sócios, como é o caso de Cuba, compartilhem nosso compromisso com o multilateralismo e com um sistema internacional baseado em normas", disse a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, na abertura do segundo Conselho Conjunto Cuba-UE, em Havana.
Mogherini, que liderou o evento com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, chegou à ilha no domingo para iniciar uma turnê regional que incluirá México e Colômbia, com a situação da Venezuela na agenda.
Desde 2008, a UE "comprometeu 200 milhões de euros para apoiar o desenvolvimento de Cuba" na agricultura sustentável, na segurança alimentar, no meio ambiente e nas mudanças climáticas, "bem como acompanhar a modernização do país", afirmou.
"Cuba é um sócio crucial para nós", acrescentou, "porque pode servir como ponte entre a América Latina e os países do Caribe".
Já o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, reconheceu que, graças a esta cooperação, "houve avanços" em temas como fontes renováveis de energia, agricultura, mudanças climáticas e cultura, bem como no intercâmbio de especialistas para a modernização da economia cubana.
Bruxelas e Havana assinaram o Acordo de Diálogo Político e Cooperação (ADPC) em dezembro de 2016, um mês antes da chegada de Donald Trump à Casa Branca. Ele foi ratificado em novembro de 2017, quando começaram as relações plenas, ignorando diferenças em temas sensíveis como os direitos humanos.
"Estamos no melhor momento da relação entre Cuba e a União Europeia nos últimos 25 anos. Antes, ficou estagnada durante 20 anos, de 1996 a 2016, pela Posição Comum da UE, e desde 2016 nos encontramos com muito respeito", disse à AFP Alberto Navarro, embaixador da UE em Havana.
Em um primeiro encontro no domingo, Mogherini e Rodríguez abordaram "as novas medidas de bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba", tuitou o chanceler cubano.
Trump intensificou o bloqueio que os EUA estabeleceram contra Cuba desde 1962, revertendo a aproximação iniciada por seu antecessor, Barack Obama. Na véspera da chegada de Mogherini, os Estados Unidos anunciaram novas restrições para o envio de remessas e a proibição de transações bancárias.
Nessa linha, Trump ativou em maio o artigo III da Lei Helms-Burton, congelado desde sua promulgação, em 1996, que permite processar na Justiça americana empresas estrangeiras que administrem bens nacionalizados em Cuba pela Revolução de 1959.
"É necessário que a UE defenda e mantenha sua abordagem própria" no diálogo com Cuba, disse secretário de Estado para a América Ibérica, o espanhol Juan Pablo de Laiglesia, enquanto alertou sobre os riscos da aplicação da Helms-Burton para as empresas de seu país.
"É primordial estabelecer um diálogo da União Europeia com Cuba no âmbito regional. A UE quer desempenhar um papel construtivo", disse.
O bloco europeu é o principal investidor em Cuba e seu maior parceiro comercial, com um intercâmbio que superou os 3,47 bilhões de dólares em 2018.
Direitos humanos
Cuba e a UE resolveram suas diferenças em termos de liberdades políticas e direitos humanos.
Cuba chega a este encontro com uma nova Constituição que ratifica seu regime socialista, e mostra avanços nesses temas sensíveis.
Estimulada pelas políticas de Trump, a ilegal oposição interna pediu, porém, para que o acordo seja rejeitado, porque não prevê mudanças políticas na ilha.
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