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    Unicef: Israel mata ou fere uma criança a cada dez minutos na Faixa de Gaza

    De acordo com a agência da ONU para a infância, várias dessas crianças feridas são muitas vezes deixadas para "definhar de dor"

    Crianças recebem alimentação de agência da ONU em Gaza (Foto: Prensa Latina )

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    Por Brasil de Fato | São Paulo (SP) - Ao atingir a marca de seis meses, o massacre de palestinos conduzido por Israel na faixa de Gaza mata ou fere uma criança a cada dez minutos, segundo Tess Ingram, a responsável pelo setor de comunicações da Unicef, a agência da ONU para a infância.

    Ela disse, durante coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça, que mais de 12 mil crianças foram atacadas por Israel desde 7 de outubro, sendo que este número é "quase certamente subestimado".

    "Desde ferimentos devastadores sofridos em ataques aéreos até o trauma de serem pegos em confrontos violentos, suas histórias pintam um quadro angustiante das consequências humanas do conflito", afirmou Ingram após passar duas semanas no território palestino.

    A representante da Unicef disse que várias dessas crianças feridas são muitas vezes deixadas para "definhar de dor". Ela diz que há necessidade urgente de aumentar o número de evacuações médicas para facilitar o acesso a cuidados adequados.

    "Com uma criança morta ou ferida a cada 10 minutos, acima de qualquer outra coisa, precisamos de um cessar-fogo", disse Ingram.

    Doença

    A ONG International Rescue Committee (IRC) disse por meio de comunicado que o massacre israelense dizimou o sistema de Saúde de Gaza e a população hoje enfrenta "fome, desnutrição e surtos de doenças infecciosas".

    Projeções feitas por entidades internacionais como a London School of Hygiene and Tropical Medicine e pelo Johns Hopkins Center for Humanitarian Health indicam que, mesmo com um cessar-fogo imediato, cerca de 12 mil pessoas morreriam em Gaza em decorrência de doenças, diz o comunicado.

    "Nenhum hospital em Gaza está mais funcionando plenamente. Os funcionários e parceiros do IRC em Gaza continuam a testemunhar a devastação das instalações de saúde que restaram", disse a Dra. Seema Jilani, consultora técnica sênior de saúde do IRC para emergências.

    "Embora não tenha havido epidemias em grande escala em Gaza por mais de uma década, a população agora está vulnerável a doenças infecciosas como gripe, COVID, pneumonia, disenteria bacteriana, cólera, poliomielite, sarampo e meningite", acrescentou.

    O IRC reiterou seu apelo por um cessar-fogo imediato e acesso irrestrito à ajuda para evitar o colapso total da saúde pública na Faixa de Gaza sitiada.

    Fome

    A agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) disse que a quantidade de ajuda que entra em Gaza não aumentou em abril, apesar de apelos globais, com média de 181 caminhões chegando ao enclave diariamente.

    Esse volume está muito abaixo da capacidade operacional das passagens de fronteira abertas de Gaza e não cumpre a meta declarada por Israel de facilitar a entrada de 500 caminhões de ajuda por dia, disse a UNRWA.

    O fluxo de ajuda para o norte de Gaza, onde a fome é mais generalizada, está especialmente tenso, com a UNRWA incapaz de chegar à área desde 23 de janeiro, acrescentou a agência.

    Em toda a Faixa de Gaza, a "insegurança alimentar" aumentou em 80% desde dezembro, disse a UNRWA.

    Contexto

    O atual massacre israelense na Faixa de Gaza — ou operação militar, como chama Israel — começou em outubro do ano passado, mas as condições no território palestino já eram consideradas "sufocantes" pela ONU antes disso.

    O bloqueio israelense de 17 anos — para obrigar o Hamas, partido que ganhou as eleições palestinas em 2006, a abdicar do poder — gerou taxas de desemprego de 45% e insegurança alimentar que atingia 64% da população. A ONU calculava que mais de 80% dos moradores de Gaza dependiam de ajuda externa para sobreviver.

    Em 7 de outubro, integrantes do Hamas ingressaram em Israel e realizaram o ataque mais violento já sofrido pelo país, deixando cerca de 1,2 mil mortos e capturando 240 reféns. A resposta do governo Netanyahu foi considerada desproporcional pela comunidade internacional. Bombardeios diários no que é considerado um dos territórios mais densamente povoados do mundo vêm causando a morte de dezenas de milhares de palestinos e destruindo toda a infraestrutura de Gaza.

    O número de vítimas fatais ultrapassou 33 mil palestinos — cerca de 70% mulheres e crianças —, com mais de 8 mil pessoas desaparecidas debaixo dos escombros. Foram destruídos 35% dos prédios e praticamente todos os mais de dois milhões de habitantes foram forçados a deixar suas casas.

    No outro território palestino ocupado, a Cisjordânia, a violência ilegal praticada por colonos israelenses é diária, com mais de 500 mortos. Desde o início do conflito, milhares de palestinos foram presos e o governo anunciou que outros milhares vão ser detidos este ano.

    A ONU alerta para o desastre humanitário, acusando Israel de usar a fome coletiva como arma de guerra e ressaltando a possibilidade real de que centenas de milhares de palestinos venham a morrer por falta de alimentos. Após muita negociação diplomática, foi aprovada na ONU em fins de março resolução pedindo cessar-fogo em Gaza. Israel, no entanto, não cumpriu o determinado.

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