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    A força da música. Você deve ouvi-la enquanto trabalha?

    Estudo americano mostra que músicas mais sofisticadas auxiliam na execução de tarefas fáceis; já nas tarefas mais difíceis, nenhum tipo de música ajuda

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    Por: Manuel F. Gonzalez e John Aiello (*)

    Fonte: Site The Conversation

    Faça essa pergunta em uma festa e provavelmente obterá respostas polarizadoras. Alguns dirão que adoram, alegando que isso melhora seu desempenho; outros dirão que acham isso perturbador e não podem funcionar efetivamente com a música tocando em segundo plano.

    Como entusiastas de música e psicólogos, queríamos entender quando ouvir música ajuda e quando ela é prejudicial durante a execução de tarefas.

    Curiosamente, nossa pesquisa descobriu que essas duas perspectivas podem ser verdadeiras. Depende apenas do tipo de trabalho que você está fazendo.

    Com música, sem música


    Ouvir música pode ajudar em tarefas mais simples, mas não nas mais complicadas, informam pesquisadores americanos.

    Estrutura mais ampla

    Pesquisadores examinaram como a música influencia o desempenho em uma variedade de tarefas, do atletismo à matemática e à leitura. Eles também analisaram se a música afeta o desempenho por fatores como o humor do ouvinte ou sua capacidade de memória de trabalho.

    No entanto, grande parte dessa pesquisa se concentra em contextos específicos ou tipos específicos de tarefas. Queríamos desenvolver uma estrutura mais abrangente que pudesse ser aplicada de maneira mais ampla.

    Assim, em um estudo recente, levamos os participantes ao nosso laboratório para executar uma variedade de tarefas. Havia uma tarefa fácil (pesquisar em listas de palavras e riscar as palavras que continham a letra “a”) e uma mais difícil (memorizar pares de palavras e repassar com o parceiro cada palavra). Alguns participantes concluíram todas as tarefas em silêncio, enquanto outros concluíram as tarefas com música instrumental que era alta ou suave, e simples ou complexa (a última classificação significando música com mais faixas instrumentais).

    Uma faixa de música simples pode incluir um ou dois instrumentos, sua melodia pode não mudar com muita frequência e pode ter um ritmo mais lento. A música complexa, no entanto, pode incluir uma grande variedade de instrumentos, pode ter melodias que mudam frequentemente e em geral tem um ritmo mais rápido.

    O tipo de tarefa é importante

    Várias descobertas importantes surgiram em nosso estudo.

    Descobrimos que os participantes que ouviram música simples ou nenhuma música apresentaram o mesmo desempenho na tarefa fácil. No entanto, os participantes que ouviram música complexa tiveram melhor desempenho na tarefa fácil.

    Por outro lado, os participantes tiveram um desempenho pior na tarefa mais difícil quando ouviram alguma música, independentemente da complexidade ou volume, em comparação com aqueles que não ouviram música.

    O que devemos fazer com essas descobertas?

    Sugerimos que as pessoas têm recursos mentais limitados a partir dos quais tanto a música quanto as tarefas podem se basear.

    Podemos ficar entediados e nossa mente pode vagar quando esses recursos são subutilizados. Mas também podemos ficar superestimulados e distraídos quando esses recursos ficam sobrecarregados.

    Não surpreendentemente, em geral precisamos usar menos de nossos recursos mentais quando realizamos tarefas fáceis, enquanto tarefas mais complexas exigem mais inteligência. No entanto, como podemos estar menos envolvidos em tarefas mais fáceis, há um risco maior de cair no sono. A música pode nos dar o impulso extra que precisamos para atravessar a monotonia. No entanto, tarefas difíceis já exigem muitos de nossos recursos. Ouvir música pode se tornar um exagero.

    Portanto, o desempenho ideal deve ocorrer quando atingimos um “ponto ideal”, que pode depender do tipo de música e do tipo de tarefa.

    O fator personalidade

    Nossos resultados de pesquisa sugerem que os efeitos da música também podem depender de nossas personalidades. No mesmo estudo, examinamos as preferências dos participantes quanto à estimulação externa.

    Algumas pessoas têm o que é chamado de “preferências por estímulos externos”. Isso significa que elas tendem a procurar – e prestar mais atenção a – coisas que estão acontecendo ao seu redor, como imagens ou sons.

    A música, então, pode absorver mais recursos mentais de pessoas com fortes preferências por estímulos externos, o que significa que um equilíbrio mais delicado pode ser necessário para esse tipo de pessoa quando ela ouve música durante as tarefas.

    Reforçando esse raciocínio, descobrimos que a música complexa tende a prejudicar até o desempenho em tarefas mais fáceis em pessoas com fortes preferências por estímulos. Da mesma forma, descobrimos que qualquer música dificultava o desempenho de tarefas complexas quando as pessoas tinham fortes preferências por estímulos externos.

    Ganhos e perdas

    Então, resumindo: pode ser útil colocar algumas músicas quando você trabalha em algo que considera relativamente simples e repetitivo. Um de nós, por exemplo, ouve heavy metal ??ao executar análises básicas de dados. O outro de nós adora o som de blues ao ler seu e-mail.

    No entanto, a música pode prejudicar quando surge uma tarefa que exige toda a sua atenção. Portanto, provavelmente é melhor desligar o Iron Maiden ou o B.B. King na hora de escrever este artigo.

    E provavelmente não é preciso dizer que o que funciona melhor para você pode não funcionar para a pessoa que trabalha ao seu lado – por isso, certifique-se de conectar os fones de ouvido.

    (*) Manuel F. Gonzalez é doutorando em Psicologia Industrial-Organizacional pelo Baruch College, da Universidade da Cidade de Nova York (CUNY); John R. Aiello é professor de Psicologia da Universidade Rutgers.

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