O baile dos bichos. Por um fotógrafo que dança com os animais
O fotógrafo da natureza Frans Lanting utiliza imagens vibrantes para nos levar ao âmago do mundo animal. Nesta palestra curta, porém cheia de imagens deslumbrantes, ele nos convida a nos conectarmos com as outras criaturas da Terra.
Vídeo: TED – Ideas Worth Spreading
Fotos da Galeria: Frans Lanting
Tradução: Leonardo Silva. Revisão: João Lucas Rodrigues
Frans Lanting é um dos mais importantes fotógrafos da natureza da atualidade. Seu trabalho aparece com frequência no National Geographic, na Audubon e na Time, bem como em numerosos livros premiados. A mais recente exposição de Lanting, “The Life Project”, oferece uma interpretação lírica da história da vida na Terra.
Ao longo da sua carreira, Frans Lanting viveu em árvores habitadas por araras selvagens, acampou nas Galápagos com tartarugas gigantes no interior de uma cratera vulcânica, documentou a vida tribal e animais nunca antes fotografados em Madagascar. Nascido na Holanda, e hoje residente na Califórnia, ele já percorreu o Delta de Okavango, as florestas de Bornéu, e as zonas na Antártica onde vivem os pinguins gigantes.
Galeria de fotos:
Vídeo: Dar voz ao reino animal
Tradução integral da palestra de Frans Lanting:
A humanidade recebe todas as atenções no TED, mas eu gostaria de também dar voz aos animais, cujos corpos, mentes e espíritos nos moldaram.
Alguns anos atrás, tive a grande sorte de conhecer um ancião de uma tribo numa ilha não muito distante de Vancouver. O nome dele é Jimmy Smith e ele me contou uma história que é contada no meio do seu povo. Eles se autodenominam os Kwikwasut'inuxw.
Era uma vez, disse ele, todos os animais da Terra eram um. Embora parecessem diferentes por fora, eles eram iguais por dentro. De tempos em tempos, eles se reuniam numa caverna sagrada no meio da floresta, para celebrar sua unidade. Quando eles chegavam, todos tiravam suas peles. O corvo deixava cair suas penas, o urso sua pelagem e o salmão suas escamas. Então, eles dançavam. Mas, um dia, um humano chegou à caverna e riu do que viu, porque não compreendeu. Envergonhados, os animais fugiram e aquela foi a última vez em que eles se revelaram daquela forma.
A compreensão antiga de que, por debaixo de suas identidades distintas, todos os animais são um, tem sido uma poderosa inspiração para mim. Gosto de ver além da pele, das penas e das escamas. Quero alcançar o que há debaixo da pele. Seja encarando um elefante gigante ou um minúsculo sapo, meu objetivo é nos conectar a eles, olho no olho.
Vocês podem se perguntar se eu fotografo pessoas. Claro. As pessoas estão sempre presentes em minhas fotos, seja aparecendo em forma de tartarugas, de pumas ou de leões. Só é preciso aprender a enxergar além de seus disfarces.
Como fotógrafo, tento enxergar além das diferenças em nossa composição genética, para apreciar tudo que temos em comum com todos os outros seres vivos. Quando uso minha câmera, deixo cair a minha pele como os animais naquela caverna, para que eu possa mostrar quem eles realmente são.
Como animais abençoados com a capacidade de pensar de forma racional, podemos nos maravilhar diante da complexidade da vida. Como cidadãos de um planeta em apuros, é nossa responsabilidade moral agir diante da perda drástica da diversidade de vida. Mas enquanto humanos, com um coração, podemos todos nos alegrar pela unidade da vida e talvez possamos mudar o que aconteceu um dia naquela caverna sagrada.
Vamos encontrar uma maneira de nos juntarmos à dança.
Obrigado.
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