Rostos do passado. Arqueólogo reconstrói as faces de pessoas que viveram milhares de anos antes de nós
O arqueólogo sueco Oscar Nilsson é um artista forense excepcional: ele não recorre a recursos fornecidos pelos programas de computador, mas, como um escultor, usa as mãos para recriar vultos de pessoas que viveram há muito tempo
Por: Hidrèley e Airinga Cheerwin
Fonte: Site Bored Panda
A habilidade de alguns artistas forenses – profissionais dedicados à reconstrução do rosto de uma pessoa falecida – é realmente impressionante. O arqueólogo sueco Oscar Nilsson é um artista forense excepcional: ele não recorre a recursos fornecidos pelos programas de computador, mas, como um escultor, usa as mãos para recriar vultos de pessoas que viveram há muito tempo. Nilsson cria esculturas inacreditáveis desses indivíduos. Especialista em reconstruir faces humanas, ele pode gastar até 200 horas trabalhando em uma única escultura.
Suas obras são modelos em 3D de crânios encontrados em sítios arqueológicos, encontrados em bom estado de preservação. Por suas habilidades, Nilsson colabora com museus desde 1996, recriando ancestrais humanos para exibição.
“O rosto humano é um tema que nunca deixa de me fascinar: a variação da estrutura subjacente, bem como a variedade de detalhes, parecem infinitas. E todos os rostos que reconstruo são únicos”, explica o artista em seu website, https://www.odnilsson.com/
Confira alguns de seus trabalhos:
1. Huarmey Queen
Huarmey Queen é o nome que os arqueólogos deram para uma senhora pertencente à cultura Huari, encontrada em uma das 58 tumbas de mulheres nobres descobertas no nordeste do Peru, em 2012. Todas as tumbas eram luxuosas, especialmente a de Huarmey Queen, enterrada acompanhada de joias, ouro, uma taça de prata, um machado cerimonial de cobre e tecidos caros.
Este último fato é importante porque, naquela época, tecidos eram considerados mais valiosos do que ouro e prata, por exemplo, devido ao esforço necessário para fabricá-los – uma única peça de tecido poderia levar de duas a três gerações de artesãos para ser produzida.
Os cientistas acreditam, pelos ossos de Huarmey Queen, que ela era uma tecelã, pois passou a maior parte do seu tempo de vida sentada, embora utilizando bastante também a parte superior do corpo. Além disso, sua tumba possuía ferramentas de tecelagem feitas de ouro.
2. Mulher da Idade da Pedra
Essa reconstrução é a de uma mulher jovem da Idade da Pedra que morreu cerca de 5.500 anos atrás na região de Brighton, no que é hoje o Reino Unido. Ela foi enterrada com um bebê ao seu peito, de forma que os cientistas desconfiam que a causa de sua morte foi alguma complicação no parto.
O DNA dessa mulher e de outros indivíduos da mesma época encontrados nas proximidades não estavam bem preservados, mas os pesquisadores supõem que o povo que habitava a área não era caucasiano, e sim tinha o mesmo tom de pele que os atuais nativos do norte da África.
3. Estrid Sigfastdotter
A partir de runas encontradas em sua tumba do século 11, os pesquisadores creem que a mulher acima foi Estrid Sigfastdotter, uma cidadã influente e rica que morava perto de Estocolmo, na atual Suécia.
Enquanto a expectativa de vida na Era Viking era de apenas 35 anos, Estrid viveu cerca de 80. Provavelmente, a mulher esteve envolvida na construção de estradas e pontes.
4. Adelaziy Elbakhusom
Este homem jovem, apelidado de Adelaziy Elbakhusom pelos cientistas, viveu no século 8 na Suíça. Seus ossos indicam que ele era malnutrido e possuía infecções crônicas, mas seus dentes eram saudáveis e bonitos, algo raro na época.
5. Homem viking
Este homem do século 11 morreu aos 45 anos e era provavelmente um viking. Os pesquisadores conseguiram extrair suficiente DNA de seus ossos para reconstruir sua aparência com precisão: ele era ruivo, tinha olhos azuis e pele clara.
6. Mulher neandertal
Essa mulher neandertal viveu entre 45 e 50 mil anos atrás. Seus restos foram encontrados em 1848 em Gibraltar. Nilsson comentou sobre sua reconstrução facial na rede social Facebook: “É interessante ver como a imagem dos neandertais mudou ao longo dos anos: antes vistos como seres selvagens, passaram a ser considerados concorrentes altamente qualificados da nossa espécie, a do Homo sapiens. Vale notar também que esta nova imagem coincide com a percepção de que os atuais europeus compartilham entre 2 a 4% de DNA com os neandertais”.
7. Homem neolítico
A face deste homem foi reconstruída a partir da análise de seu esqueleto de 5.500 anos atrás. Ele tinha entre 25 e 40 anos e era esbelto. À esquerda, o arqueólogo Nilsson retoca sua obra.
8. Avgi
Avgi foi uma adolescente de 18 anos que viveu 9 mil anos atrás, onde hoje é a Grécia. Ela testemunhou o momento histórico da revolução agrícola, uma época em que humanos estavam trocando a caça por invenções tecnológicas que possibilitaram o desenvolvimento de uma vida de tipo sedentário.
9. Homem da era saxônica
De acordo com os cientistas, os ossos desse homem sugerem que ele era muito forte e sofreu vários ferimentos resultantes de atos violentos. Talvez fosse um soldado. Devido aos abcessos permanentes encontrados em seu crânio, ele perdeu muitos dentes e parte de sua mandíbula superior. Pode ter morrido por causa do processo inflamatório, com aproximadamente 45 anos.
10. Birger Jarl
Birger Jarl foi um nobre sueco, regente do reino e governante da região com o título de jarl até a sua morte, em outubro de 1266.
11. Homem da Idade do Ferro
Este homem viveu cerca de 2.400 anos atrás na região da atual Grã-Bretanha. Era forte e saudável, porém, como muitos naquele tempo, morreu cedo, com cerca de 24 a 31 anos. Segundo os cientistas, tinha uma boa aparência e uma estrutura dentária única: possuía um diastema, aquele espaço extra que torna os dentes um pouco separados. O estilo de seu cabelo – um penteado conhecido como “nó da Suábia” – era semelhante ao usado por membros de tribos germânicas.
12. Homem medieval da Suécia
A datação por radiocarbono indicou que esse homem viveu durante o período entre 1470 e 1630. Ao mesmo tempo, a análise de seu esqueleto mostrou que ele sofria de “os acromiale”, uma deformação nos ossos do ombro claramente relacionada à prática frequente de tiro com arco longo. Sendo assim, os cientistas creem que esse indivíduo de meia-idade tenha vivido entre 1470 e 1540, uma vez que tais arcos deixaram de ser usados em meados do século 16.
13. Homem da Idade do Bronze
O homem acima morreu jovem, com 25 a 35 anos. Seus ossos indicam que era malnutrido e sofria de anemia.
14. Mulher romano-britânica
Essa mulher morreu jovem, com idade entre 25 a 35 anos, e seus ossos sugerem que teve uma vida difícil de muito trabalho físico pesado. Unhas foram encontradas perto de seu corpo, o que pode significar que o caixão foi mal fechado, ou pode simbolizar alguma superstição. Outros esqueletos da região foram descobertos com unhas nas proximidades. Talvez os indivíduos pensassem que isso impediria os espíritos dos mortos de os perseguirem.
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