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    A transformação urbana da Barra da Tijuca: Como políticas públicas moldaram o bairro mais valorizado do Rio

    O Rio de Janeiro testemunhou, nas últimas cinco décadas, uma das mais impressionantes transformações urbanas de sua história.

    Imagem: Freepik

    De região praticamente desabitada nos anos 60, a Barra da Tijuca se tornou não apenas o bairro mais valorizado da cidade, mas um símbolo de como decisões políticas podem redesenhar completamente a geografia urbana de uma metrópole.

    Segundo levantamento recente da Imobiliária Barra da Tijuca, o metro quadrado na região teve uma valorização superior a 300% nos últimos 20 anos, fenômeno diretamente ligado às políticas públicas de desenvolvimento da região. 

    Hoje, com apartamentos à venda na Barra alcançando valores que superam os tradicionais bairros da Zona Sul, é difícil imaginar que essa área já foi considerada apenas um extenso areal.

    O Plano Lúcio Costa: a visão que mudou tudo

    Em 1969, uma decisão política mudaria para sempre o destino da Barra. 

    O governo do então estado da Guanabara contratou o urbanista Lúcio Costa para desenvolver um plano piloto para a região. 

    Costa, já famoso pelo projeto de Brasília, tinha uma visão ambiciosa: criar uma nova cidade dentro do Rio, com avenidas largas, prédios modernos e amplas áreas verdes.

    O Plano Piloto da Barra da Tijuca foi um marco no planejamento urbano brasileiro. 

    E diferentemente de outras áreas do Rio, que cresceram de forma orgânica e muitas vezes desordenada, a Barra nasceu de um projeto meticulosamente pensado. 

    As diretrizes estabelecidas por Costa determinavam gabaritos máximos para os prédios, distâncias mínimas entre edificações e preservação de áreas verdes.

    Investimentos públicos que transformaram a região

    A década de 1970 marcou o início dos grandes investimentos públicos na região. 

    A abertura do Túnel Dois Irmãos (hoje Zuzu Angel) e a construção da Auto-Estrada Lagoa-Barra foram decisivos para conectar a região ao resto da cidade. 

    Era o primeiro passo para transformar um lugar isolado em uma das áreas mais dinâmicas do Rio.

    Nos anos seguintes, uma série de políticas públicas continuou impulsionando o desenvolvimento:

    ● 1981: Inauguração da Linha Amarela;

    ● 1998: Duplicação da Avenida das Américas; 

    ● 2004: Início das obras do corredor TransOeste;

    ● 2016: Chegada do Metrô

    O papel do BNH e das políticas habitacionais

    O Banco Nacional da Habitação (BNH) teve papel fundamental no desenvolvimento inicial da Barra. 

    Através de financiamentos subsidiados, possibilitou a construção dos primeiros grandes condomínios da região

    O Nova Ipanema e o Novo Leblon, inaugurados nos anos 1970, estabeleceram um novo padrão de moradia que se tornaria marca registrada do bairro.

    "Foi uma confluência de fatores", explica o urbanista João Carlos Martins. 

    "De um lado, tínhamos políticas públicas de financiamento habitacional, de outro, um plano urbano bem estruturado. 

    Isso criou as condições perfeitas para o boom imobiliário que se seguiu."

    As políticas de financiamento da época também atraíram grandes construtoras para a região. 

    Entre 1975 e 1985, mais de 50 empreendimentos foram lançados, transformando definitivamente a paisagem local.  

    O sucesso desses primeiros projetos estabeleceu um modelo que seria replicado nas décadas seguintes, com condomínios clube que viraram referência nacional em qualidade de vida.

    Os incentivos governamentais da época também estimularam a criação de uma robusta infraestrutura comercial. 

    O surgimento do BarraShopping, em 1981, é considerado um divisor de águas. 

    Foi o primeiro grande centro comercial da região e sua construção impulsionou uma nova onda de valorização imobiliária.

    Os desafios da expansão

    Nem tudo foram flores no desenvolvimento da Barra. 

    O crescimento acelerado trouxe desafios significativos. 

    A especulação imobiliária, incentivada por algumas políticas públicas, acabou criando um processo de elitização que excluiu parte da população.

    O trânsito também se tornou um problema crônico, levando à necessidade de novos investimentos em mobilidade urbana. 

    A construção do BRT e a extensão da Linha 4 do metrô, embora tardias, foram tentativas de corrigir essas distorções.

    O legado olímpico

    As Olimpíadas de 2016 marcaram um novo capítulo na história da Barra. 

    A escolha da região como principal polo dos Jogos atraiu investimentos massivos em infraestrutura. 

    O Parque Olímpico, construído com dinheiro público, se transformou em um novo polo de desenvolvimento.

    A Vila dos Atletas, hoje convertida em complexo residencial, é exemplo de como grandes eventos podem catalisar transformações urbanas quando alinhados a políticas públicas bem planejadas.

    O impacto econômico das políticas públicas 

    A transformação da Barra não se limitou apenas ao aspecto urbano.  

    As políticas públicas implementadas ao longo das décadas criaram um polo econômico que hoje representa cerca de 30% do PIB do município do Rio de Janeiro. 

    A região concentra mais de 200 mil empregos formais e é sede de importantes empresas nacionais e multinacionais.

    O setor de serviços, especialmente, experimentou um crescimento exponencial. 

    A instalação de universidades, centros empresariais e complexos de entretenimento gerou um ciclo virtuoso de desenvolvimento. 

    Estudos recentes mostram que cada novo empreendimento comercial na região gera, em média, 500 empregos diretos e indiretos.

    O futuro e os novos desafios

    Atualmente, a Barra enfrenta o desafio de equilibrar desenvolvimento econômico e sustentabilidade. 

    Novas políticas públicas focam na preservação ambiental e na melhoria da mobilidade urbana. 

    O plano de expansão do metrô e a criação de novos parques são exemplos dessa nova visão.

    "O futuro da Barra depende de políticas públicas que priorizem a qualidade de vida", afirma a arquiteta Maria Helena Corrêa. 

    "Precisamos aprender com os erros e acertos do passado para construir um desenvolvimento mais sustentável."

    Lições aprendidas

    A história da Barra da Tijuca é um caso único de como políticas públicas podem moldar o desenvolvimento urbano. 

    Do Plano Lúcio Costa aos investimentos olímpicos, cada decisão política deixou sua marca na região.

    O resultado é um bairro que, apesar dos desafios, se transformou em um dos mais importantes centros econômicos do Rio. 

    Uma prova de que planejamento urbano e políticas públicas bem executadas podem, sim, transformar radicalmente uma região.

    Para o futuro, fica a lição de que o desenvolvimento urbano precisa ser pensado a longo prazo, com políticas públicas que equilibrem crescimento econômico, preservação ambiental e qualidade de vida.

    A conclusão que o Rio merece

    O crescimento da Barra da Tijuca representa mais que uma simples expansão urbana - é um caso de estudo sobre como a união entre planejamento público e iniciativa privada pode transformar uma região. 

    Enquanto olhamos para o futuro, o bairro continua sua evolução, agora enfrentando novos desafios como sustentabilidade e mobilidade urbana.

    Os próximos capítulos desta história dependerão, mais uma vez, de decisões políticas assertivas e investimentos bem planejados. 

    A Barra da Tijuca já provou que pode ser um modelo de desenvolvimento urbano para outras regiões do Brasil. 

    Agora, seu desafio é mostrar como uma área que cresceu tanto pode se reinventar para atender às demandas do século XXI.

    Se o passado nos ensinou algo, é que o sucesso da Barra não foi acidental - foi o resultado de visão, planejamento e execução. 

    Para as próximas décadas, o caminho parece claro: manter o desenvolvimento econômico sem perder de vista a qualidade de vida que tornou o bairro tão especial.

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