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    El Salvador: o país onde a Bitcoin é a moeda oficial

    5 de junho de 2021, o dia em que 12 mil cripto entusiastas se juntam em Miami num segundo e último dia da "Bitcoin 2021".

    É aqui que um criado de uma carteira digital famosa sob ao palco para dizer "Vocês não estão prontos para isto. Existe agora um paraíso para todos os cripto entusiastas". O jovem empresário acabou então por falar da utilidade da Bitcoin em países em desenvolvimento, focando-se num exemplo concreto: El Salvador.

    Desde 2001 que este país muito pequeno da América Central (não muito distante do Brasil) que usa o dólar norte-americano como moeda oficial, mas isso tinha acabado de alterar. Venha daí e perceba o que levou a esta alteração e quais as consequências da mesma para o mundo e para todos os salvadorenhos. 

    Tudo sobre o anúncio de 2021

    De lágrimas nos olhos, o empreendedor garante: "Fizemos algo maravilhoso aqui", ao mesmo tempo que passavam imagens na tela com fotos do jovem empresário com crianças salvadorenhas. Depois de todos os anúncios e do vídeo do presidente de El Salvador, Bukele, os aplausos e gritos abafam qualquer discurso e proferem a frase "El Salvador é o primeiro país Bitcoin". Se isto acontecesse no Brasil (hipoteticamente) já não seria preciso fazer a conversão de btc to brl porque bitcoin seria a moeda oficial. Perante um CEO lavado em lágrimas, a plateia de 12 mil cripto entusiastas aplaude de pé e leva a muitas questões, sendo que uma delas será respondida de seguida.

    Situação econômica de El Salvador da altura

    A população era empurrada para o exterior, levando a altas taxas de emigração, combinada por uma falta de condições econômicas e de segurança, tal como acontece hoje em dia com a ida de tantos brasileiros para Portugal. O dólar, vindo das remessas de emigrantes, circulava no país como moeda em paralelo, e em 2020, 24% do PIB (Produto Interno Bruto) de El Salvador foi constituído por remessas enviadas por emigrantes. 

    O dólar, contudo, não resolveu o problema da economia de El Salvador. Porquê? Não há uma resposta exata, mas os economistas afirmam que parte do problema se deve ao facto de 70% da população não ter uma conta bancária. Com uma comunidade emigrante tão expressiva, o envio de remessas de dinheiro está limitado por serviços que transferências de dinheiro físico que cobram taxas altíssimas. 

    Como Bitcoin se torna lei?

    Os cidadãos de El Salvador ouviram pela primeira vez a notícia de que o bitcoin teria curso legal em seu país de origem em 5 de junho de 2021 na conferência que mencionamos anteriormente e foi um momento de grande confusão. O presidente Bukele fez o anúncio em inglês em um vídeo pré-gravado reproduzido durante a apresentação na conferência e, não houve sequer uma conferência de imprensa após o anúncio.  

    A notícia foi difícil de engolir para a população devido às memórias recentes de traumas económicos relacionados com a moeda salvadorenha. Em 2001, o país passou por um repentino processo de dolarização. Em teoria, El Salvador tornou-se uma república com dupla circulação de moeda – o colón e o dólar americano. Na prática, porém, as pessoas deixaram de usar o colón e todas as operações são realizadas em dólares. 

    Quando a política do Bitcoin foi anunciada, a população local temeu uma repetição desta história com a criptomoeda. Em Setembro de 2021, eclodiu um protesto contra esta lei e outras iniciativas governamentais destinadas a desmantelar a independência do sistema judicial. No entanto, a política Bitcoin permaneceu intocada e a democracia continuou a deteriorar-se.

    Situação atual de El Salvador

    A reeleição de Nayib Bukele como presidente de El Salvador, numa vitória esmagadora com 85% das votações vem dizer algo claro "a população está satisfeita com o seu trajeto e depositam confiança no presidente e nas suas decisões".

    O mandato inicial de Bukele foi marcado por iniciativas ousadas destinadas a transformar a economia de El Salvador. Desde que deu curso legal ao bitcoin em 2021, El Salvador se aventurou em águas financeiras desconhecidas, atraindo a atenção internacional e, às vezes, críticas, mas isso faz parte quando se faz algo ousado, certo?

    Apesar do ceticismo de entidades como o Fundo Monetário Internacional, a administração de Bukele manteve-se firme no seu compromisso com o bitcoin, integrando-o na economia do país e planeando projetos futuros.

    A reeleição sinaliza não apenas continuidade, mas potencialmente uma expansão da agenda pró-bitcoin de El Salvador. A administração de Bukele já introduziu várias iniciativas para promover o uso de bitcoin, incluindo a carteira Chivo, a implantação de caixas eletrônicos bitcoin e planos ambiciosos para uma cidade bitcoin alimentada por energia geotérmica dos vulcões do país.

    Não é fácil agradar a todos e decisões como as tomadas por Bukele são controversas e só a longo prazo é possível aferir a sua viabilidade. As decisões devem ser sempre tomadas com foco no bem-estar das populações e se, a população voltou a elegê-lo é sinal que foi algo conseguido. A bitcoin é um tema que não gera uníssono e é isso que a torna tão controversa.

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