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    A receita para o fracasso comercial do Brasil

    Movido por birra ideológica e pelo populismo que marcou o governo Lula nas relações internacionais, o PT fez o país desperdiçar oportunidades que foram aproveitadas por seus concorrentes

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    Equívocos em série cometidos pelos governos do ex-presidente Lula e de Dilma Rousseff vêm penalizando as relações comerciais do Brasil com outros países. Por preconceito ideológico e uma estratégia desastrada que desprezou acordos bilaterais ou regionais, o país caminha na contramão do desenvolvimento também nesta matéria e, assim como acontece com o pífio crescimento de seu Produto Interno Bruto (PIB), fica para trás em relação a nações de perfil econômico semelhante.

    Até janeiro deste ano, a Organização Mundial do Comércio (OMC) registrava 543 acordos bilaterais, dos quais 354 em vigência, sendo que a metade deles havia sido firmada nos últimos dez anos. Por outro lado, desde que se tornou membro do Mercosul, em 1991, o Brasil fechou apenas três parcerias desse tipo, com Israel, Egito e Palestina. O tratado com os israelenses é o único em andamento.

    Encampada pelos governos petistas desde que Lula assumiu a Presidência, em 2003, a opção brasileira pelos acordos multilaterais, como a Rodada Doha, em discussão na OMC desde 2001, fez o país perder relevância no comércio internacional. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil teve um prejuízo de US$ 5,4 bilhões, entre 2008 e 2011, em vendas para os vizinhos sul-americanos, que deram preferência à China, aos Estados Unidos, à União Europeia e ao México.

    Movido por birra ideológica e pelo populismo que marcou os oito anos do governo Lula nas relações internacionais, o PT fez o país desperdiçar oportunidades que foram aproveitadas por seus concorrentes comerciais. Enquanto o Mercosul patina, assistimos ao surgimento da Aliança do Pacífico, bloco econômico formado por Chile, Colômbia, México e Peru, que representam 209 milhões de habitantes e um PIB próximo de US$ 2 trilhões. Os quatro países, que estão entre as economias mais abertas da América Latina, decidiram simplificar regras comerciais, unificar padrões regulatórios em setores como a agricultura e eliminar 90% de todas as tarifas de importação entre os membros do grupo.

    Travado pela camisa de força imposta pelo Mercosul, em meio ao caos econômico de nosso principal parceiro, a Argentina, e a episódios recentes que demonstraram preconceito do bloco em relação ao Paraguai e subserviência à Venezuela, o Brasil observa à distância o desempenho de países como o Chile, que tem acordos com 62 nações, incluindo as 27 da União Europeia; a Colômbia, cujos tratados envolvem nada menos que 60 países; o Peru, com 52; e o México, com 50. Ao todo, incluindo as parcerias feitas antes de ingressar no Mercosul, nosso país ostenta irrisórios 22 acordos, a maioria estabelecida com nações sem qualquer expressão comercial.

    No período da Guerra Fria, em que havia uma polarização entre Estados Unidos e União Soviética, optar incondicionalmente por um dos blocos ao estabelecer acordos de ordem econômica já era um equívoco, mas uma postura até compreensível diante da radicalização política. Hoje, limitar o escopo de atuação comercial a determinados grupos não se justifica sob nenhum ponto de vista: trata-se apenas de mais uma calamitosa insensatez do governo petista. Além de estagnação econômica, inflação, desindustrialização e do maior déficit comercial de sua história, o Brasil amarga um retumbante fracasso comercial sob os auspícios do PT.

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