Chefe do Exército demitido por Lula se recusou a exonerar coronel Cid, que operou o caixa paralelo do clã Bolsonaro
Lula teria decidido demitir comandante do Exército após ele se recusar a exonerar o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro de posto em Goiânia, segundo o jornalista Igor Gadelha
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu demitir o comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, depois que o militar se recusou em exonerar o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, de um posto de comando sensível em Goiânia. A informação é do colunista Igor Gadêlha, do Metrópoles.
O coronel Cid está no epicentro de um novo escândalo de corrupção do governo de Jair Bolsonaro. A mando do Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) investiga a participação do militar em um suposto esquema de caixa 2 dentro do Palácio do Planalto. Além de bancar gastos da ex-família presidencial, o esquema pode ter sido usado para financiar os atos de terrorismo em Brasília do dia 8 de janeiro.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu, neste sábado (21), o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda. Ele foi empossado interinamente no cargo em 30 de dezembro do ano passado, ainda no governo Jair Bolsonaro, em um acerto com a equipe de transição para que a troca do comando ocorresse antes da posse do novo governo. No lugar de Arruda à frente da corporação assumirá o também general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.
Paiva foi destaque de noticiários durante a semana depois de, na quarta-feira (18), ter feito declarações incisivas contra os atos de terrorismo contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Em sua fala, ele cobrava respeito ao resultado das eleições de outubro. “Democracia pressupõe liberdade, garantias individuais […] e alternância do poder”, disse o então comandante militar do Sudeste.
Sentido democracia
Ele falava durante cerimônia, em São Paulo, em homenagem aos militares brasileiros mortos no Haiti. Em seu discurso, Paiva conclamou o Exército a respeitar o resultado da eleição que levou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República. “( Democracia)também é o regime do povo (…) É o voto. E quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa. Tem que respeitar. É essa a convicção que a gente tem que ter, mesmo que a gente não goste”, afirmou.
O agora nomeado novo comandante do Exército também disse que o Brasil passa “por um terremoto político”, estimulado por “ambiente virtual que não tem freio e de que todos nós, hoje, somos escravos”. E repudiou a adesão de militares de qualquer corrente política. “Ser militar é ser profissional, respeitar a hierarquia e a disciplina. É ser coeso, íntegro, ter espírito de corpo e defender a pátria. É ser uma instituição de Estado, apolítica e apartidária. Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito”, completou.
Tomás Paiva foi chefe de gabinete do general Eduardo Villas Bôas, que comandou o Exército durante o governo de Dilma Rousseff e no governo Temer.
Página virando
Um dia antes de ser demitido do comando do Exército, Júlio César Arruda participou nesta sexta-feira (20) de uma reunião, no Palácio do Planalto, com Lula, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e os comandantes da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno.
Foi a primeira reunião do presidente com os comandantes das Forças Armadas depois de Lula defender punição para militares envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Após o encontro, José Múcio Monteiro falou em “virar a página” dos atos golpistas. O ministro da Defesa disse também não ver envolvimento “direto” das Forças Armadas nos ataques em Brasília, e que os comandantes concordavam com a tomada de providências contra os militares eventualmente envolvidos nos atos.
Em entrevista à GloboNews, na última quarta-feira (18), Lula disse que os serviços de inteligência das Forças Armadas e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) falharam e não o alertaram da possibilidade de ataques golpistas. Além da crítica, Lula disse na entrevista que era necessário “não politizar” as instituições militares.
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