Com Aécio e Bruno, o PSDB é menos paulista e mais Brasil
As últimas eleições têm demonstrado uma rejeição bairrista no Nordeste aos candidatos do PSDB, frente às candidaturas petistas
As últimas eleições têm demonstrado uma rejeição bairrista no Nordeste aos candidatos do PSDB, frente às candidaturas petistas. Mesmo com o governo Lula tendo carregado a marca de ter um "paulistério" em vez de ministério, o fato de o ex-presidente ter nascido em Pernambuco e sua facilidade de comunicação aproximaram seu partido dos nordestinos.
O engraçado é que PT e PSDB comungam de história comum de seu início no estado de São Paulo. Portanto, em certos aspectos, ambos têm forte influência paulista em sua formação. Contudo, mesmo com PSDB já tendo sido presidido por nordestinos como Tasso Jereissati e Teotônio Vilela, o fato de o partido ter apresentado sempre candidatos paulistas à presidência da república ajudaram a consolidar essa rejeição fora do centro sul brasileiro.
Contudo, no momento, nenhum partido brasileiro é tão nacional, deixando inclusive uma sensação de que os políticos de São Paulo - indiscutivelmente o estado mais importante do país - têm aberto espaço para a construção de um PSDB "mais brasileiro". E isso sem esquecer que o estado é governado por tucanos há vários mandatos, sempre com gestões muito bem avaliadas.
Depois da recondução do deputado Sergio Guerra à presidência do partido, e de vermos as lideranças no Senado dos parlamentares Arthur Virgílio (AM) e Álvaro Dias (PR), dois fatos recentes reforçam esse conceito de brasilidade do PSDB. Um é a recente escolha do deputado Bruno Araújo (PE) para liderar a bancada na Câmara Federal, sucedendo um paulista. O outro é a inegável preferência de grande parte das lideranças e militantes tucanos ao nome do senador mineiro Aécio Neves para disputar a presidência da república.
Nada contra os paulistas ou políticos que se firmaram no estado, pelo contrário, referências como Fernando Henrique e Mario Covas, merecem todo o nosso respeito e reconhecimento. Mas, sem dúvida, um novo PSDB, mais brasileiro, mostra sua cara à sociedade. E isso deve trazer reflexos nos próximos embates com um PT que ganhou as últimas eleições exatamente por vender "ser o mais nordestino".
Hoje, com as obras da transposição do São Francisco paradas, trazendo a sensação de que Lula podia ter um carinho com o Nordeste que não foi repassado a sua sucessora e com o principal partido de oposição indo pelo caminho inverso, dando um aspecto mais nacional a suas escolhas, não vejo mais como o discurso regionalista beneficiar o PT.
Começamos a ver uma social democracia usando chapéu de couro e falando arrastado, dialogando com indígenas, com representantes dos movimentos LGBTs, com sindicalistas, com o povo que faz nosso Brasil. Quem ganha com isso? O povo brasileiro, que passa a ter um debate mais conectado com sua realidade, extremamente diversificada em sua essência.
Daniel Coelho é deputado estadual de Pernambuco pelo PSDB
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