Cuidado, Dilma: o apoio deles será bem mais caro
Já não era grande o entusiasmo de Renan Calheiros, José Sarney, Michel Temer e Henrique Eduardo Alves em relação à aliança com a presidente Dilma Rousseff; agora, com os números da pesquisa Datafolha, eles tendem a vender bem mais caro o apoio do PMDB, sem nenhuma garantia de que a coalizão ainda estará de pé em 2014; ah, e ainda falta o Eduardo Cunha
247 - Aos poucos, os números da pesquisa Datafolha, que apontaram a deterioração da popularidade da presidente Dilma Rousseff, começarão a mostrar seus impactos no mundo político. No PT, o ainda influente José Dirceu publicou artigo cobrando mudanças na articulação política, na comunicação e na execução dos projetos (leia mais aqui). Mas o abalo maior pode ocorrer no PMDB, onde o entusiasmo com a aliança governista já não era grande – e tende a esmorecer nos próximos dias e semanas.
Dos caciques do partido, o único a vocalizar sua insatisfação foi o baiano Geddel Vieira Lima, antes mesmo da divulgação da pesquisa Datafolha, ao dizer que o jogo estava "zerado". Geddel faz parte do time que gostaria de levar o PMDB aos braços de Eduardo Campos, do PSB.
Mas os nomes mais experientes do partido, como o senador José Sarney (PMDB-AP), o presidente do Congresso Renan Calheiros (PMDB-RN), o presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o vice-presidente Michel Temer, ainda que evitem explicitar divergências, não se cansam de condenar, em conversas reservadas, os erros do governo Dilma na área política.
O erro mais recente, na visão dos peemedebistas, foi o fato de não terem sido avisados com antecedência sobre a proposta, já abortada, de uma constituinte exclusiva para debater a reforma política – e quem ficou mais incomodado foi Michel Temer que, além de vice-presidente, é também constitucionalista. Mais ainda pelo fato de Fernando Henrique Cardoso, líder informal da oposição, ter sido consultado.
No Senado, Renan ironizou a situação, dizendo que talvez não tenha havido tempo, e fez uma sinalização positiva ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), ao propor a "conciliação com a oposição". Henrique Eduardo Alves, que, após garantir a aprovação da MP dos Portos, já havia proposto uma mudança na relação política, ao sugerir que Dilma "evoluísse", também ficou irritadíssimo com a proposta da constituinte. E José Sarney, o mais experiente de todos, tem acompanhado o quadro bem de perto.
Temer, que, até agora, é o maior interessado na manutenção da aliança, perdeu um bom argumento em favor da repetição da chapa vitoriosa em 2010 ao ser ele próprio desprezado no episódio da constituinte. E terá que administrar a insatisfação dos deputados liderados por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que também se sentem desprestigiados no governo Dilma.
Na próxima terça, a executiva nacional do PMDB se reúne em Brasília. Na pauta, certamente será discutida a manutenção do apoio – ou não – à presidente Dilma. E a que preço.
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