Democracia direta?
Pela primeira vez, o povo falou grosso e venceu. Só que não parece disposto a parar por aqui
Foi muito fácil. Bastou causar algum transtorno a cidades já paralisadas pela péssima infraestrutura para que seus prefeitos recuassem. Uma vitória que parecia impossível foi conquistada em menos de uma semana. E os 20 centavos dos reajustes dos ônibus em São Paulo e no Rio de Janeiro foram suspensos.
Na nova “revolta do vintém”, potencializada pela violência desmedida da Polícia Militar do governador Geraldo Alckmin, no primeiro dia de protestos, as autoridades recuaram sem exigir nada em troca dos manifestantes. Cederam sem pedir, ao menos, que as manifestações fossem suspensas. E os jovens, “empoderados”, agora se sentem capazes de tomar o próprio destino nas mãos. Sem intermediários.
Não por acaso, alguns dos principais alvos dos protestos foram os símbolos da democracia representativa, como o Congresso Nacional e a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Com os políticos acuados e amedrontados em seus palácios, um novo Brasil parece emergir, com o vigor de uma juventude que se vê mais forte do que a polícia e todas as instituições do Estado.
Nessa catarse coletiva, nem mesmo a imprensa, que cobre as manifestações como se o País estivesse diante de um desfile de carnaval, tem sido poupada. Carros de televisão são queimados, jornalistas são agredidos e gritos de ordem ecoam contra décadas de manipulação. Ocorre que a democracia direta, ainda que, para alguns, seja um ideal utópico, não existe no mundo concreto. Fora do Estado, e também da política, resta apenas a barbárie. O que cabe, sim, é discutir a sério uma reforma política que aproxime eleitos e eleitores, com medidas como o voto distrital, e reduza ao menor nível possível o papel dos financiadores de campanha. Para que assim sejam encaminhadas, de forma mais efetiva, demandas justas, como a melhoria do transporte público.
Na última quinta-feira, a revolta produziu seu primeiro morto. Seu nome é Marcos Delefrate, de 18 anos, que foi atropelado, em Ribeirão Preto. Outros tantos ficaram feridos. No momento em que, com a Copa das Confederações, os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, um mínimo de ordem é necessário.
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