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    Em artigo, Lula e Sérgio Rezende defendem investimento em Ciência e Educação para retomar o desenvolvimento

    O ex-presidente e o ex-ministro destacaram o modelo chinês para colocar programa de desenvolvimento do Brasil após destruição causada pelo golpe

    (Foto: Ricardo Stuckert, site do PT)
    Juca Simonard avatar
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    247 - Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, o ex-presidente Lula (PT), pré-candidato à presidência em 2022, e o ex-ministro da Ciência e Tecnologia (2005-2010) Sérgio Machado Rezende, professor da Universidade Federal de Pernambuco e doutor em engenharia, defenderam investimento em Ciência e Educação para retomar o desenvolvimento do País.

    “Nenhum país conseguiu se desenvolver plenamente sem implantar políticas de Estado para educação e para ciência e tecnologia (C&T). A educação é porta de acesso a empregos de melhor qualidade e com maior remuneração, amplia oportunidades e possibilita um desenvolvimento econômico mais equânime”, destacam.

    Nesse sentido, eles destacam que “o domínio em larga escala de C&T é condição necessária para tornar as empresas competitivas globalmente, aumentar a riqueza e fortalecer a soberania das nações”.

    Os estadistas usaram como exemplo o modelo chinês, que “implantou uma política de Estado para desenvolver a ciência, no âmbito de um superministério, e hoje investe mais de US$ 400 bilhões em C&T” — e em 2021 ultrapassou a produção científica dos Estados Unidos, que era a principal potência no setor há décadas.

    “Como resultado desse esforço, além de ampliar a produção de commodities beneficiadas, a China desenvolveu um parque industrial extenso e competitivo, com programas de interação com o sistema de pesquisa”, argumentam. Eles lembram ainda que, desta forma, os chineses desenvolveram a tecnologia 5G  para comunicação digital antes das “potências industriais”.

    “Dessa forma, o PIB do país, que na virada do século era de US$ 1,2 trilhão, o sexto do mundo, hoje passa de US$ 15 trilhões, só atrás dos EUA”, justificam.

    Retrocessos no Brasil

    Lula e Sergio Rezende denunciam que “nos anos recentes, tem havido um retrocesso sem precedentes nas políticas de C&T no país”. “O desmonte das instituições públicas, na direção do Estado mínimo, é a marca de um governo que aprofunda a agenda neoliberal e um ajuste fiscal irrealista. Vamos na direção oposta da China e de outros países”, escrevem.

    Efetivamente, o que se vê desde o golpe de Estado que derrubou Dilma Rousseff da presidência em 2016 e levou à prisão de Lula em 2018 — com os governos Michel Temer (2016 - 2018) e Jair Bolsonaro (2019 - ) — é uma profunda política de terra arrasada da economia nacional, iniciada pela Lava Jato. Os governos pós-golpe sabotaram instituições de pesquisas e de educação e favoreceram uma política de desindustrialização nacional, na contramão do que havia feito o PT.

    “Ultrapassando as piores previsões, caminhamos rumo ao obscurantismo, sob um governo que nega a ciência em cada um de seus atos”, escrevem Lula e o ex-ministro, argumentando que “o descaso intencional e criminoso com a saúde pública é a face mais visível e cruel dessa aversão ao conhecimento, que já resultou na perda de quase 620 mil vidas para a Covid-19”. 

    “Felizmente, testemunhamos o enorme esforço da comunidade científica brasileira e seu compromisso com a vida, na busca de soluções para a gravíssima crise sanitária. E testemunhamos a rápida resposta do SUS, que sobreviveu às tentativas de desmonte, e de seus valorosos profissionais na linha de frente contra a pandemia”, continuam.

    “O próximo governo terá o enorme desafio de retomar o crescimento econômico, criar empregos, superar a pobreza e reduzir a desigualdade. Certamente contará com o empenho de nossa comunidade científica, que fez o Brasil se tornar o 13º maior produtor mundial de ciência”, dizem. 

    “Será fundamental restabelecer uma política e um plano de ciência, tecnologia e informação, recuperar as agências federais e prover orçamentos adequados, em esforço conjunto do Estado e das empresas”, argumentam.

    “O exemplo de outros países, nossos próprios avanços e o amargo retrocesso que sofremos não deixam dúvidas: educação e ciência são essenciais para a reconstrução e o futuro do Brasil”, concluem.

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