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    Ilegitimidade

    O Deputado Protógenes Queiroz não reúne as mais mínimas condições morais de integrar uma CPMI que, sem dúvida, terá de investigá-lo

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    O Deputado Protógenes Queiroz não reúne as mais mínimas condições morais de integrar uma CPMI que, sem dúvida, terá de investigá-lo. Sua presença entre os inquiridores torna ilegítimo todo o processo. Significa a proteção ostensiva a um dos implicados no escândalo. Representa o descompromisso com a isenção e a sobriedade.

    Vamos aos fatos. Protógenes é figura bastante frequente nas gravações que, aos poucos, têm sido dadas à luz. Ele que, antes de se eleger para a Câmara, puxado pelos votos de Tiririca, respondia a inquérito na Polícia Federal, acusado de cometer irregularidades na Operação Satiagraha.

    Reportagem recentíssima de Alfredo Junqueira e Fabio Fabrini, do Estadão, revelou que, em oito de maio de 2009, o contraventor Carlos Cachoeira comunicou ao diretor da Delta Construções para a região centro-oeste, Claudio Abreu, preso pela polícia civil de Goiás a partir de denúncia do Ministério Público, que Protógenes entraria, naquele dia, em contato com a quadrilha. A seguir, mandou seu braço direito, Adalberto Matias Araújo, o “Dadá”, a casa do Parlamentar. As conversas, sempre chulas, foram à base de “fica com os rádio ligado (sic) que os meninos tá (sic) te ligando agora, do Protógenes. O Protógenes vai falar com você agora”.

    Em 18 desse mesmo mês de maio, “Dadá” e Protógenes combinaram ir juntos a Goiânia. Protógenes lhe comunica que iria palestrar sobre corrupção e que gostaria de chegar cedo para “almoçar com aqueles amigos”. O carro, prontamente providenciado por “Dadá”, óbvio que foi custeado por Carlos Cachoeira. Ironia dessa vida irônica que, a cada dia nos submete a surpresas eloquentes: o “bravo” e “ético” Protógenes Queiroz, foi a Goiânia deitar falação sobre corrupção (suponho que contra a dita cuja), em carro providenciado pelo inefável “Dadá” e pago pelo “generoso” Carlos Cachoeira, pensando em chegar cedo, a tempo de “almoçar com aqueles amigos”.

    Não se pode esperar dele que se retire, por deliberação própria, da CPMI. É dever do conjunto do corpo investigativo excluí-lo, deixando claro que ele será bastante útil aos trabalhos, tão somente prestando depoimento como cidadão convocado a explicar seus laços com o contraventor e seus prepostos.

    Eis um bom teste para avaliar se falam sério – ou não – quando dizem, sobretudo o relator, que estão dispostos a ir fundo nas necessárias buscas, “doa a quem doer”. Protógenes precisa sair, ontem, da falsa e artificial condição de investigador para a imperativa condição de investigado. Ou estará começando o festival das ilegitimidades.

    Ministério do Trabalho

    O governo do partido dito dos trabalhadores está, há um tempão, sem Ministro do Trabalho. Desde que o folclórico Carlos Lupi (“Dilma, eu te amo!) caiu sob pesadas acusações de corrupção, estabeleceu-se o impasse: a Presidente não consegue impor-se ao PDT e este não logra unir-se em torno de um nome capaz de representá-lo com honra no Conselho de Ministros.

    Eis aí a constatação de fragilidade do esquema de sustentação política que nasceu apodrecido, porque assentado em bases falsas, longe de acordos programáticos e de princípios. Ás vésperas do Dia do Trabalhador, a pasta do Trabalho permanece entregue a um interino que apenas toca o medíocre cotidiano da mesmice.

    Dilma, aprovadíssima (ainda) por uma sociedade que a vê contra tudo que ela, na verdade, concorda, é mera refém do esquema fisiológico montado por Lula para elegê-la e supostamente, garantir governabilidade ao país. Nem consegue nomear quem deseja. Sua única “afirmação” foi manter o moribundo Fernando Pimentel, “consultor” das Arábias, fazendo figuração no Ministério do Desenvolvimento.

    Como nem tem Ministro do Trabalho no governo do Partido dos Trabalhadores, suponho que prostituam as regras de manuseio do FAT (Fundo de Amparo aos Trabalhadores). Tem sindicalista “combativo” que treme só de sonhar com investigação sobre tal desvio. Sindicalistas e centrais “combativos” sabem o abuso covarde que praticaram e impunemente praticam com dinheiro que deveria ser a poupança dos braços e das famílias que sustentam o presente e alicerçam o futuro do Brasil.

    A propósito, a recomendação é simples: vão trabalhar... governantes!

    Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado

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