Itamaraty vê pedido de Bolsonaro a Biden como violação da independência, relata Jamil Chade
O ocupante do Planalto pediu ao presidente dos EUA que o ajude a derrotar Lula nas eleições em outubro e lembrou que é aliado da potência estrangeira
247 - O pedido de Jair Bolsonaro para que Joe Biden o ajude a vencer Lula nas eleições gerou “constrangimento e vergonha” no Itamaraty, sede da diplomacia brasileira.
É o que relata o jornalista Jamil Chade, correspondente de veículos brasileiros a 20 anos na Europa, e atualmente colunista do UOL.
Segundo o jornalista, o pedido de Bolsonaro foi visto como uma "afronta" à soberania nacional e viola até mesmo os princípios de independência.
"A manobra também foi interpretada como uma jogada do brasileiro na busca por uma aliança que o salve de uma derrota”, escreve Chade.
A reação do presidente dos EUA foi mudar de assunto, o que aumentou ainda mais o constrangimento.
"Uma das interpretações na chancelaria é de que Bolsonaro tentou se apresentar ao presidente americano, tal como era perante Trump, como a melhor escolha para os interesses norte-americanos na região.
Isso inclui privatizações, assinatura de acordos de defesa como a parceria na OTAN e compra de equipamentos militares, além de uma promessa de alinhamento. Isso, claro, desde que os americanos o apoiem”, acrescentou.
Diante de um comportamento como o de Bolsonaro, os americanos ficam diante de um dilema: defender a democracia brasileira ou seus próprios interesses.
Entre os políticos brasileiros, a fala de Bolsonaro também repercutiu mal.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que Jair Bolsonaro (PL) deveria ser afastado do cargo.
"Darei entrada em notícia-crime sobre isso, pedindo investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF), e ao mesmo tempo cabe mais um pedido de impeachment", disse o parlamentar à coluna de Chico Alves, no portal Uol.
De acordo com o senador, "seja na legislação norte-americana ou na legislação brasileira, ele devia ser afastado do cargo imediatamente e responder por traição à pátria”.
Bolsonaro, disse Randolfe, "não é digno de ocupar o cargo que ocupa, nem de falar em nenhum lugar em nome do Brasil".
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