Lula começa hoje a escalar sua seleção com cinco nomes: Haddad, Dino, Múcio, Rui Costa e Mauro Vieira
Serão anunciados os ministros da Fazenda, da Justiça, da Defesa, da Casa Civil e das Relações Exteriores
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar na sexta-feira pelo menos cinco ministros, incluindo Fazenda, Defesa, Justiça e Segurança Pública, Relações Exteriores e Casa Civil, além dos novos comandantes das três Forças Armadas, disseram à Reuters fontes que acompanham as movimentações políticas.
De acordo com uma dessas fontes, o presidente eleito pode ainda incluir nomes para outros cargos, em uma decisão que deve ser tomada em uma reunião no final desta quinta-feira.
Os nomes que devem ser anunciados por Lula são aqueles dados já como certos: Fernando Haddad na Fazenda; Flávio Dino na Justiça e Segurança Pública; José Múcio Monteiro na Defesa; e Rui Costa na Casa Civil. Lula conversou com os quatro, de acordo com as fontes, e almoçou com Haddad e Dino nesta quinta.
Um parlamentar que esteve com o presidente informou que Lula comentou ainda que o novo chanceler deve ser o atual embaixador na Croácia, Mauro Vieira. O nome do novo ministro, que foi chanceler no governo de Dilma Rousseff, foi antecipado pela Reuters na semana passada.
Segundo este mesmo parlamentar, Lula confirmou ainda que conversou com o futuro ministro da Defesa e já teria acertado o nome dos novos comandantes das forças, que devem ser também anunciados na sexta.
O movimento de anunciar a nova cúpula militar acontece para esvaziar um possível vácuo no comando da caserna depois que os atuais chefes das Forças Armadas anunciaram publicamente que pretendiam deixar os cargos antes da troca de presidentes para não ter que servir sob o comando de Lula.
É uma sinalização da tensão entre o petista e militares apontados por Jair Bolsonaro, que nunca reconheceu publicamente a derrota eleitoral. O atual presidente manteve, durante sua gestão, o apoio de nomes da elite militar que o acompanharam em questionamentos à urna eletrônica, sem qualquer prova.
Dentre os nomes a serem anunciados o mais esperado é o da Fazenda, onde, apesar de resistência de investidores e gestores do mercado financeiro e de setores do PT, Haddad deverá ser confirmado.
O nome do ex-prefeito de São Paulo já estava consolidado há algumas semanas, mesmo antes de Lula ter efetivamente feito o convite. Na semana passada, o presidente eleito levou Haddad a Brasília e o encarregou de coordenar o grupo de transição de economia, do qual Haddad não fazia parte até então.
Nesta quinta, o ex-prefeito teve uma primeira reunião com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, para tratar da transição entre os dois ministérios. Questionado se fora ao encontro como futuro ministro, Haddad desconversou e disse que coordenava o grupo de trabalho de economia.
Os demais nomes que devem ser anunciados por Lula também já vinham sendo falados internamente, inclusive pelo presidente eleito. Em jantares, Lula havia confirmado Múcio na Defesa. Ex-ministro do Tribunal de Contas da União, ele tem uma relação pessoal com o presidente, de quem foi ministro das Relações Institucionais.
O senador eleito Flávio Dino (PSB) já era dado como certo no ministério desde a campanha, quando Lula deixou claro que ele deveria assumir um cargo. O ex-governador do Maranhão deverá ser o único senador no ministério, já que o presidente eleito tem dito que não pode desfalcar sua bancada no Senado.
Rui Costa, governador da Bahia, tem um perfil gerencial que Lula quer para a Casa Civil, que ajude a coordenar os diferentes ministérios.
Segundo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, Lula decidiu antecipar a divulgação de nomes --inicialmente sua intenção era fazê-lo apenas depois da diplomação, no dia 12-- porque "há muita especulação".
"O presidente deve começar amanhã a divulgar. Ele acabou de me chamar lá no final da tarde porque ele esta querendo anunciar alguns nomes pelo menos. Ele estava querendo deixar para depois da diplomação, mas ele acha que tem muita especulação, muita coisa, então aquilo que ele já tem certeza, que está certo, ele está querendo já divulgar", disse Gleisi em entrevista a jornalistas.
O presidente falará com a imprensa às 10h15 de sexta-feira, de acordo com sua assessoria.
Segundo a presidente do PT, os grupos de trabalho da transição entregarão seus relatórios no domingo e os indicados para cada área devem começar a trabalhar.
"Domingo se entrega os relatórios finais da transição. É bom mesmo ter os ministros responsáveis por cada área para ir fazendo os encaminhamentos", disse Gleisi.
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