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    “Lula sempre ouviu evangélicos”, destaca Benedita da Silva

    Para a deputada federal do PT, desigualdade social, desemprego e mortes provocadas pela pandemia farão o segmento religioso se distanciar de Bolsonaro

    Deputada Benedita da Silva e Lula (Foto: Stuckert)
    Camila Franca avatar
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    247, com informações do PT na Câmara - A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), em entrevista à Veja, disse que não existe nenhuma dificuldade na relação entre o eleitorado evangélico e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto na disputa pelo Palácio do Planalto. A deputada destaca ainda, que insatisfação dos evangélicos, que também sofrem com o aumento da desigualdade social, com o desemprego, com a carestia e a morte dos seus entes queridos, afastará o segmento de Bolsonaro.

    Evangélica, vinculada à Igreja Presbiteriana Betânia em Niterói (RJ) e ex-ministra da Assistência e Promoção Social do governo Lula, Benedita é uma das pontes do PT com esse segmento religioso, que representa, segundo o Datafolha, 31% dos eleitores brasileiros – um universo de mais de 45 milhões de pessoas.

     “O PT respeita, valoriza e defende o que determina a nossa Constituição com princípios de convivência democrática e que nenhum segmento possa impor o seu pensamento aos demais. Isso significa dizer que o direito de um termina quando começa o do outro”, afirmou a parlamentar. Abaixo, os principais trechos da entrevista.

    O eleitorado evangélico foi decisivo para a vitória do presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Na sua avaliação, como o PT deve reconquistar esse segmento e levá-lo para o campo da esquerda em 2022? 

    Boa parte dos filiados e militantes do PT é evangélica e isso já cria várias pontes para o diálogo. Além disso, o maior fator de reaproximação da base evangélica e também de muitos pastores com Lula é a realidade social que os nossos irmãos e irmãs estão passando. Para o povo que sofre calado, basta comparar a situação atual com a sua vida durante o governo de Lula.

    Como a senhora define a relação do ex-presidente Lula e o eleitorado evangélico? 

    A relação dos evangélicos com o Lula sempre existiu e sempre foi muito boa. Ou seja: esse diálogo com os evangélicos sempre foi frequente e o Lula sempre ouviu essa parcela da nossa sociedade. Portanto, por esses motivos, não existe nenhuma dificuldade nessa relação. 

    Bolsonaro ostenta baixos índices de aprovação entre o eleitorado brasileiro, mas ainda mantém apoio entre os evangélicos. O que pode abalar o endosso do eleitorado conservador ao chefe do Executivo?

    Sem dúvida existe a insatisfação do povo brasileiro, onde se inclui o povo evangélico, que também sofre com o aumento da desigualdade social, com o desemprego, com a carestia e a morte dos seus entes queridos. A pandemia não poupou nenhum setor social, inclusive o povo evangélico.

    Em caso de vitória de Lula, como um governo do PT vai lidar com o segmento evangélico? Durante o governo Dilma, essa relação foi tensa e obrigou o governo a engavetar o kit anti-homofobia, por exemplo.

    Nos treze anos que em governou o país, o PT mostrou claramente que respeita a diversidade religiosa da população brasileira conforme os princípios do Estado laico. Nesse sentido, o partido manteve e mantém com os segmentos evangélicos diálogos construtivos sempre em prol da melhoria das condições de vida do povo mais pobre. Em um possível novo governo do PT, manteremos o mesmo respeito e vamos procurar ampliar ainda mais o nosso diálogo com as diferentes denominações religiosas.

    Aliados de Bolsonaro planejam retomar a “pauta de costumes” – como aborto, casamento gay, descriminalização das drogas – para tentar afastar o eleitorado conservador da candidatura de Lula. Essa pauta não é perigosa para o PT? 

    O PT é um partido organizado em todo o país e cumpre a Constituição brasileira, que garante a pluralidade ideológica e religiosa da sociedade. Portanto, o PT respeita, valoriza e defende o que determina a nossa Constituição com princípios de convivência democrática e que nenhum segmento possa impor o seu pensamento aos demais. Isso significa dizer que o direito de um termina quando começa o do outro. Para isso temos a Constituição Federal.

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