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Marcelo Rubens Paiva: "Se Brizola fosse vivo, estaria furioso com o PDT, por ver o partido se bolsonarizando"

Jornalista e escritou aponta a guinada à direita do partido desde que passou para as mãos de Ciro Gomes

Leonel Brizola e Ciro Gomes (Foto: Reprodução/PDT | Nacho Doce/Reuters)

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247 - O jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva disse que, se Brizola fosse vivo, estaria furioso com o PDT, por ver o partido se bolsonarizando nas mãos do candidato a presidente pelo partido, Ciro Gomes.

"Datafolha tem um dado maluco. A segunda opção de voto para eleitores de Ciro para Bolsonaro cresceu de 20% (agosto), 24% (1 de setembro) para 30% (agora). Leonel Brizola estaria furioso com PDT se bolsonarizando nas mãos de Ciro", escreveu.

Brizola faleceu em 2004, depois de uma trajetória política que incluiu exílio e a eleição de governador em dois Estados, o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro (duas vezes).

Herdeiro político do trabalhismo, tentou recriar o PTB em 1980 com as mesmas diretrizes de Getúlio Vargas. Mas uma manobra da ditadura, que envolveu a sobrinha de Getúlio Ivete Vargas tirou a legenda de suas mãos.

Brizola criou, então, o PDT, que, sob sua liderança, nunca abriu mão do ideário do trablahismo, de centro-esquerda. Em 1989, Brizola apoiou Lula no segundo turno e depois foi seu vice, na eleição de 1998.

O ex-governador sempre se posicionou ao lado da causa dos trabalhadores, enfrentando a elite, o que não ocorre atualmente, quando o partido está nas mãos de Ciro Gomes.

Seus ataques constante ao PT tem favorecido Jair Bolsonaro.

Ontem, o Brasil 247 publicou texto sobre a revolta dos brizolistas que continuam no partido. Segue:

A ala brizolista do PDT está indignada com os ataques que o candidato do partido à presidência, Ciro Gomes, tem realizado contra o ex-presidente Lula (PT), segundo coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, que trouxe o exemplo do advogado Carlos Roberto Siqueira Castro.

Siqueira Castro é um dos fundadores do PDT, uma figura histórica no partido, e chefiou a Casa Civil no segundo governo de Leonel Brizola (1991 -1994) no Rio de Janeiro. Ele disse estar "muito incomodado" com os ataques de Ciro. Segundo ele, a legenda está "numa encruzilhada", e defende apoio à candidatura do opositor petista.

"Acho muito injusto o que Ciro Gomes está fazendo com o Lula. São críticas muito despropositadas e injustas, que divergem do atual momento de polarização eleitoral que estamos vivendo", destacou Siqueira Castro.

"Se Ciro Gomes tem apreço à sua trajetória política, que ele proclama ser de centro esquerda, ele tem que atacar o candidato Jair Bolsonaro", afirmou o advogado, que descreveu o atual presidente como "um fascistóide completo, desqualificado e ignorante, que está dividindo o país e levando o Brasil para uma ruptura física com discurso de ódio e golpista".

De acordo com o fundador do PDT, o seu incômodo com os ataques de Ciro a Lula se estende para a ala brizolista do partido. "Tem muita gente insatisfeita e indignada", disse, cobrando ainda uma autocrítica da direção do partido. O advogado declarou ter “muito respeito” pelo presidente da sigla, Carlos Lupi, mas defendeu que a direção nacional do partido "tem que fazer uma reflexão muito aguda" sobre as eleições.

"O PDT está numa encruzilhada histórica e tem um compromisso de apoiar o presidente Lula neste momento. Nós temos que trabalhar com voto útil", finalizou.

Vale destacar que, diante da tomada do PDT por Ciro Gomes, um setor importante do brizolismo saiu do partido para ingressar no PT.

Os ataques de Ciro contra Lula têm feito com que o candidato pedetista fosse considerado “linha auxiliar” do bolsonarismo. Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, 9, o número de eleitores de Ciro que têm Bolsonaro como segunda opção de voto disparou: eram 24% no Datafolha de 1º de setembro e, agora, são 30%.


 

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