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    "Papel das Forças Armadas não é cuidar de urna eletrônica", afirma Lula

    Ex-presidente afirmou que Bolsonaro, com ajuda dos militares, quer tumultuar e "criar caso" nas eleições: 'o problema dele não é urna eletrônica. O problema dele é o povo'

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    247 - O ex-presidente Lula (PT), em entrevista nesta sexta-feira (1) à Rádio Metrópole, da Bahia, respondeu às ameaças golpistas de Jair Bolsonaro (PL) e das Forças Armadas, que colocam sob suspeita o processo eleitoral brasileiro e dão sinais de que o pleito pode não ocorrer ou de que seu resultado pode não ser respeitado.

    General, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, Walter Braga Netto (PL) afirmou a empresários que a eleição pode ser suspensa se as exigências de Bolsonaro não forem aceitas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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    "O papel das Forças Armadas não é cuidar de urna eletrônica. Quem tem que cuidar de urna eletrônica é a Justiça Eleitoral, quem tem que fiscalizar é a sociedade civil e quem tem que fazer as mudanças é o Congresso Nacional", disparou Lula.

    "Esse cidadão que não acredita nas urnas eletrônicas [Jair Bolsonaro] foi eleito para vários mandatos de deputado pelo voto eletrônico. Os filhos dele foram eleitos. Ele foi eleito presidente da República pelo voto eletrônico. Não tem um prefeito questionando, não tem um governador questionando, não tem um deputado. Só ele. O que ele quer na verdade? Quer criar confusão, quer fazer a mesma coisa que o Trump fez nos Estados Unidos. Uma mentira contada mil vezes pode ganhar cara de verdade. Ele quer levantar a suspeita de que ele vai ser roubado. Roubar ele roubou em 2018, com as fake news. Roubar ele roubou sendo eleito contando mentira", acrescentou.

    O ex-presidente afagou as Forças Armadas, reconhecendo a importância dos membros da caserna, mas afastou a participação da instituição no processo eleitoral. "Acho que as Forças Armadas têm uma função muito nobre, que é a função de garantir a soberania deste país. As Forças Armadas têm que cuidar da segurança do novo povo, cuidar das nossas fronteiras secas, das nossas fronteiras marítimas, do nosso espaço aéreo, têm que ajudar a sociedade a cuidar das nossas riquezas minerais, das nossas florestas, das nossas águas. As Forças Armadas não têm que ficar preocupadas com urna eletrônica. Isso é um dever da Justiça Eleitoral e um dever da sociedade civil. Quem está falando isso são alguns militares ligados ao Bolsonaro, que quer criar caso, levantar suspeita como o Trump levanta até hoje. A sociedade não pode aceitar".

    Lula também comentou a 'PEC das Bondades' - ou 'PEC da Compra de Votos' - aprovada na quinta-feira (30) pelo Senado. O texto abre espaço para que Bolsonaro gaste com benefícios à população a três meses da eleição.

    O petista disse que o povo tem mesmo que aproveitar os auxílios que serão oferecidos pelo governo federal, mas com a lembrança de que, com Bolsonaro, tudo não passa de uma tentativa de comprar votos. "O Bolsonaro sabe que o problema dele não é urna eletrônica. O problema dele chama-se 'povo brasileiro'. Por isso que ontem ele mandou várias medidas para dar dinheiro, aumentar o Auxílio Emergencial, que era uma reivindicação da oposição, aumentar o vale-gás, que foi uma coisa de um deputado do PT, o [Carlos] Zarattini, dar um auxílio para os motoristas autônomos. O povo tem que pegar o dinheiro, mas não é isso que resolve o problema porque tudo isso vai acabar em dezembro. O projeto é um projeto eleitoral. Ele acha que pode comprar o povo, acha que o povo é um rebanho, acha que o povo não pensa e que vai acreditar em mentira. Não vai. Chega. Não se pode mentir para o mundo inteiro todos os dias. Ele vai deixar a Presidência da República porque uma coisa chamada 'povo brasileiro', quase 150 milhões de eleitores vão às urnas eletrônicas dizer 'chega, o Brasil precisa de gente melhor'".

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