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Plano golpista de Bolsonaro tinha apoio do GSI para grampear Moraes e seria estopim para impedir a posse de Lula

A ideia era grampear Moraes e obter alguma declaração que justificasse sua prisão. Estavam envolvidos na "missão" golpista Bolsonaro, Daniel Silveira, GSI e militares

Daniel Silveira, Marcos do Val e Jair Bolsonaro (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados | Waldemir Barreto/Agência Senado | Anderson Riedel/PR)

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247 - O senador Marcos do Val (Podemos-ES) entregou à revista Veja todo o plano de Jair Bolsonaro (PL) para dar um golpe de estado no Brasil. A operação seria chefiada pelo agora ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) - preso nesta quinta-feira (2) - e teria o apoio do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República e de dois militares "cinco estrelas".

Era 9 de dezembro de 2022 quando Marcos do Val, convidado por Bolsonaro e Silveira, compareceu ao Palácio da Alvorada - em um esquema digno de roteiro de filme, que incluiu um carro da segurança da Presidência para evitar que Do Val e Silveira fossem vistos entrando no palácio - para uma reunião. Lá, foi contado a ele o plano para prender o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. 

>>> Bolsonaro queria que Marcos do Val grampeasse Alexandre de Moraes

"Alguém de confiança do presidente se aproximaria do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, devidamente equipado para gravar as conversas do magistrado com o intuito de captar algo comprometedor que servisse como argumento para prendê-lo. Esse seria o estopim que desencadearia uma série de medidas que provavelmente atirariam o país numa confusão institucional sem precedentes desde a redemocratização. Na reunião do Alvorada, Bolsonaro descreveu os detalhes dessa operação", relata a reportagem.

Três dias depois, no dia 12 de dezembro, do Val entrou em contato com Moraes pedindo um encontro presencial. “Dia emblemático”, escreveu o parlamentar ao ministro, se referindo àquele dia em que o presidente Lula (PT) havia sido diplomado pelo TSE e, à tarde, bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal. "Precisava falar como foi o encontro com o PR [presidente] e o DS [Daniel Silveira]", escreveu Do Val, dizendo que ambos teriam o convidado para "uma ação esdrúxula, imoral e até criminal”. O ministro agendou o encontro para dali a dois dias.

No dia 14 de dezembro, quando o STF julgava a legalidade do orçamento secreto, Moraes foi ao encontro de Do Val no salão branco do tribunal, durante o intervalo da sessão. "A conversa foi rápida, durou apenas alguns minutos. O parlamentar narrou detalhes do encontro que teve com o presidente, da proposta indecorosa que recebeu e os objetivos abjetos do plano. Acostumado nos últimos tempos a lidar com as mais mirabolantes teorias da conspiração, Moraes fez um único comentário: 'Não acredito', disse em tom de espanto". 

>>> Senador Marcos do Val diz que Bolsonaro o coagiu a dar um golpe e promete renunciar ao mandato

Bolsonaro disse a do Val que já tinha garantido o apoio do GSI à operação para gravar Moraes com os equipamentos de espionagem. No dia seguinte, por mensagem, Silveira disse ao senador que  "a coisa toda era tão sigilosa que 'nem o Flávio saberá', se referindo ao filho do presidente, Flávio Bolsonaro. 'Estarei em QAP até o comando do 01 para irmos até lá', acrescentou. No jargão policial, QAP significa 'na escuta', de 'prontidão'. Por último, Silveira lembrou que 'o conteúdo' captado seria utilizado exclusivamente para pautar a 'ação' que já estaria 'desenhada e pronta para ser implementar'".

"Não sei se você compreendeu a magnitude desta ação. Ela define, literalmente, o futuro de toda a nação", disse também Silveira.

Diante do silêncio do senador, o deputado afirmou que as “escutas usadas em operações especiais” já estavam à disposição para a ação, e reforçou: "se aceitar a missão, parafraseando o 01, salvamos o Brasil". 

Após o encontro com Moraes e com medo de se meter em confusão, Do Val respondeu a Silveira: "irmão, vou declinar da missão". O então deputado assentiu: "entendo, obrigado".

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