PM preso com R$ 159 mil tem história de encrencas

Brasília 247 – O policial militar João Dias causou alvoroço ao forçar a entrada no gabinete do secretário de governo Paulo Tadeu na tarde desta quarta-feira. Indignado e fora de controle, o pivô da queda de Orlando Silva do Ministério do Esporte disse que estava indo devolver propina. Como assim? Na versão do advogado do PM, André Cardoso, o dinheiro só foi aceito para que Dias pudesse obter uma prova das inúmeras propostas de propina que vem recebendo desde que começou a fazer denúncias sobre um esquema de corrupção no Ministério do Esporte.

Depois de conseguir derrubar Orlando Silva, Dias mira no governador Agnelo Queiroz, que antecedeu o ex-ministro no Esporte e, segundo o denunciante, conhecia as irregularidades das ONGs envolvidas com a pasta. Mas se o PM tem mesmo bala na agulha para incomodar o governador, por que mudar o procedimento que adotou ao passar as informações sobre irregularidade para a revista Veja? Por que provocar estardalhaço ao invadir um palácio de governo e, depois de agredir duas mulheres, quebrar o dedo de um colega da PM?

Aparentemente, João Dias trabalha para se transformar numa espécie de Durval Barbosa, que provocou a queda do ex-governador José Roberto Arruda ao divulgar imagens em que vários políticos da cidade apareciam recebendo dinheiro vivo e negociando acordos de aparência escusa. Conseguirá João Dias se transformar no Durval Barbosa de Agnelo Queiroz? Uma pergunta melhor: que interesses estariam por trás da transformação de um policial militar que participava de esquemas no Ministério do Esporte num paladino da justiça capaz de devolver dinheiro de propina em nome do bem da nação?

Durval Barbosa pelo menos tinha a delação premiada em que se escorar. O que João Dias ganha atirando contra o atual governo? Essa questão ainda é difícil de responder, mas não há dúvida de que existe uma oposição enfraquecida em Brasília que ainda tenta se reerguer. Segundo aliados do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), que preferiu não concorrer às eleições do ano passado temendo os efeitos da Lei da Ficha Limpa, ele não pretende se aposentar tão cedo. As reuniões de articulação política continuam a ocorrer na casa do ex-governador, que não deve assistir contrariado aos ataques e ameaças sofridos pelo adversário das últimas eleições (Roriz escalou sua mulher, Weslian, para enfrentar Agnelo em 2010).