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    Alvo da PF em ação por desvios em Alagoas é conhecido como "operador de Lira" em Brasília

    Luciano Cavalcante chefiou o escritório do pai do presidente da Câmara. Filha dele e filho de Arthur Lira são sócios em empresa de contratação de mídia beneficiada por Bolsonaro

    Arthur Lira e Luciano Cavalcante (Foto: José Cruz/Agência Brasil | Reprodução/Redes Sociais)

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    Por Luís Costa Pinto, da sucursal do 247 em Brasília - Luciano Ferreira Cavalcante, funcionário da liderança do PP na Câmara dos Deputados (onde foi colocado quando o atual presidente da Casa, Arthur Lira, era líder do partido) é o principal alvo de uma operação da Polícia Federal deflagrada em Alagoas no início da manhã desta quinta-feira.

    A ação da PF, determinada para estancar a sangria de recursos públicos federais que eram enviados para 43 municípios alagoanos a fim de comprar com verbas oriundas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) “kits de robótica” superfaturados, foi capaz de provocar de corre-corre na residência oficial da Câmara, em Brasília, e intensa troca de telefonemas e de conversas reservadas entre Lira, advogados e deputados federais e estaduais da base política estadual dele. 

    Luciano Cavalcante chefiou o escritório político de Benedito de Lira, pai de Arthur Lira, quando ele foi deputado e senador em Brasília (hoje, Benedito é prefeito numa cidade do litoral alagoano). Arthur Lira Filho e Malu Cavalcante, filhos dos protagonistas dessa ação da PF denominada Operação Hefesto, são sócios numa empresa de comunicação e marketing denominada OPL Digital que foi beneficiada irregularmente por diversos contratos de operação publicitária com verbas da Secom da Presidência da República durante o mandato de Jair Bolsonaro.

    O poder e a influência de Luciano Cavalcante, sob determinações explícitas do presidente da Câmara, superaram os limites alagoanos. No período em que a vice-governadora do Distrito Federal Celina Leão exerceu o cargo de governadora de fato do DF, depois que o Supremo Tribunal Federal ordenou o afastamento de Ibaneis Rocha enquanto eram apuradas as responsabilidades em torno do golpe (vencido) de 8 de janeiro de 2023, Cavalcante era sempre um atalho para quem queria chegar à agenda de Celina Leão. As conversas tinham de se iniciar, a todo momento, nas antessalas da presidência da Câmara ou na liderança do PP. Luciano Cavalcante também sempre foi conhecido como um grande facilitador de processo e procedimentos para quem queria chegar ao presidente do partido, Ciro Nogueira - sobretudo no período em que ele foi o “superministro da Casa Civil” de Bolsonaro.

    Na esteira da Operação Hefesto, amigos e colaboradores políticos de Arthur Lira têm tentado analisar a ação da Polícia Federal e tendem a vender para o “chefe” a teoria de que tudo se dá por retaliação política orquestrada pelo Governo Federal em reação à forma como ele tem conduzido a pauta e as votações da Câmara dos Deputados. Contudo, a perseguição aos desvios em Alagoas, com verba do FNDE, começou já em dezembro do ano passado, quando se verificou que o estado é de longe o campeão de recebimento de verbas para compras de “kits robótica” que custam, lá, muitas vezes, 10 vezes o preço normal de mercado. Os áulicos de Lira também catalisam essa tese persecutória com o fato - coincidência - de, também ontem, o ministro do STF Dias Toffoli ter liberado para julgamento na Corte uma ação de corrupção que tem o presidente da Câmara por réu.

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