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    Ataques de Bolsonaro a Maia abrem janela para o impeachment

    Avaliação é do cientista político Guilherme Carvalhido. No entanto, ele afirma que um processo de afastamento dependerá de maior apoio nas ruas

    Rodrigo Maia e Jair Bolsonaro (Foto: Câmara dos Deputados | PR)

    Sputnik – As brigas do presidente com Congresso podem levar a "fortalecimento" da ideia de impeachment de Jair Bolsonaro, mas processo depende muito das "ruas", disse à Sputnik Brasil cientista político Guilherme Carvalhido.

    Segundo ele, as desavenças e críticas mútuas entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ocorrem "desde o início de seu governo", mas após a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde se tornaram ainda mais "evidentes". 

    Pouco após o anúncio da saída de Mandetta, que também é do DEM, Bolsonaro disse em entrevista para a CNN Brasil que Maia tinha "péssima atuação" e parecia querer "atacar o presidente".

    O parlamentar, por sua vez, afirmou, também para a CNN, que Bolsonaro o atacava como um "truque de política" para desviar a atenção sobre a saída de Mandetta, que deixou o cargo com alta aprovação popular.

    Para Carvalhido, a disputa entre os dois começou no início do mandato de Bolsonaro, quando ele não "conseguiu negociar com o Congresso uma relação de equilíbrio", o que "dificulta um Executivo eficiente".

    'Briga declarada'

    "Bolsonaro já estava consciente dessa briga com o Congresso desde o início do seu governo. Quando optou politicamente em não formar um grupo forte na Câmara e no Senado, estabelecendo uma grande disputa com setores importantes, principalmente com seu setor mais significativo, que é o chamado centrão", disse o professor da Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro.

    Carvalhido avalia que a partir dos últimos posicionamentos do presidente, principalmente seu embate com Mandetta, "que é do centrão", sobre a necessidade de isolamento social, o que "acontecia" mais nos "bastidores", agora é uma "briga declarada".

    O analista lembra ainda o episódio no qual o presidente estimulou, e depois chegou a participar, em março, de manifestações contra as atuações de Maia, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, outro parlamentar do DEM, e do Supremo Tribunal Federal (STF).

    Congresso 'absolutamente insatisfeito'

    "Hoje, tanto a Câmara como o Senado estão absolutamente insatisfeitos com a política adotada pelo presidente Jair Bolsonaro", afirmou o cientista político.

    Nesse cenário, ele considera que um princípio de movimento para destituir Bolsonaro do cargo pode estar sendo gestado.

    "Há sim uma briga muito forte, e há o início sim de um processo de tentativa de fortalecimento do impedimento do presidente", disse Carvalhido.

    No entanto, para que isso ocorra, o professor aponta que outras "variáveis" estão em jogo, como "manifestações populares e a própria opinião pública, que precisam ser medidas".

    Carvalhido diz que Bolsonaro ainda conta com apoio expressivo entre a população, de cerca de "um terço do eleitorado", e lembra que no início do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff sua popularidade era de menos de 10%.

    'Olho nas ruas'

    Mas o cientista político faz uma ressalva: com a crise do coronavírus, "parte de seus eleitores" começa a criticá-lo abertamente, como foi o caso, por exemplo, da jurista e deputada estadual por São Paulo Janaína Paschoal, o que "movimenta a estrutura do Congresso".

    "O Congresso está de olho no que está acontecendo nas ruas, apesar de estarmos em quarentena", disse Guilherme Carvalhido.

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