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    Bolsonaro usa caso Marielle para rebater Moro

    Apesar das suspeitas de envolvimento das milícias ligadas à sua família no assassinato de Marielle Franco, Bolsonaro diz que a PF de Moro se dedicou mais a este caso do que a da suposta facada de Juiz de Fora (vídeo)

    (Foto: Reprodução)

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    247 - Em coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira 17, horas depois de Sergio Moro ter anunciado sua saída do governo, Jair Bolsonaro partiu para cima do ex-ministro da Justiça e disse que não interferiu na Polícia Federal, como acusou o ex-juiz. “Eu não tenho que pedir autorização” para trocar comando da PF, declarou.

    Apesar das suspeitas de envolvimento das milícias ligadas à sua família no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), Bolsonaro disse que a PF de Moro se dedicou mais a este caso do que a da suposta facada contra ele em Juiz de Fora (MG) durante a campanha presidencial. “Entre meu caso e o da Marielle, o meu tá muito menos difícil de solucionar”, declarou.

    “Eu não tenho que pedir autorização para ninguém para trocar o diretor, ou qualquer outro que esteja na pirâmide. Será que é interferir na Polícia Federal, pedir, quase que exigir quem mandou matar Jair Bolsonaro? A PF se preocupou mais com Marielle do que o seu chefe. Entre o meu caso e a Marielle, o meu está muito mais próximo de ser solucionado”.

    Bolsonaro disse que Moro “tem compromisso com seu ego, não com país” e que espera que a Polícia Federal seja usada em “sua plenitude”. Segundo ele, o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, que foi exonerado sem acordo prévio com Moro, foi quem pediu para deixar o cargo. “Todo mundo fica cansado”, disse.

    “Queremos que a PF seja usada em sua plenitude. Que as operações sejam no mínimo mantidas. Se depender de mim, potencializadas. Como o senhor Valeixo disse que estava cansado, eu comecei a fazer gestões para trocar o diretor da Polícia Federal. Eu sempre abri o coração para Moro. Eu já duvido se ele abriu para mim”, afirmou.

    Ele negou ter interferido na PF para obter informações sigilosas. “Nunca pedi a ele o andamento de qualquer processo”, reforçou, ressaltando que a indicação era prerrogativa sua, conforme determina a lei. “Nunca pedi para blindar ninguém da minha família. Jamais faria isso”, negou ainda. 

    Histórico com Moro

    No início de sua fala, Bolsonaro contou sobre o início de sua relação com Moro, desde o primeiro turno da campanha. “Acabou o primeiro turno, eu fui passei para o segundo turno. Nesse ínterim, eu baixado no Einstein, em São Paulo, recebi uma ligação de uma pessoa que queria fazer com que o senhor Sérgio Moro fosse me visitar. Declinei, ele não esteve comigo na campanha. Não sei em quem ele votou no primeiro turno, nem quero saber”.

    “Recebi o senhor Sérgio Moro na minha casa na Barra da Tijuca. Ali traçamos como ele seria tratado se aceitasse [o ministério da Justiça]. Acertamos como todos os ministros, vai ter autonomia. A todos ministros, falei do meu poder de veto. Os cargos-chaves teriam que passar pelas minhas mãos e eu daria o sinal verde ou não. Mais de 90% dos cargos eu sei o sinal verde”, relatou.

    Bolsonaro disse que abriu mão de nomear a direção da PF. “Abri mão, porque acreditava no senhor Sérgio Moro. Será os melhores quadros da PF, todos estavam em Curitiba? Mas vamos confiar, vamos dar o crédito”.

    Afirmou que a imprensa o acusou de dificultar operações da Polícia Federal. “Se as nossas indicações para ministérios, bancos, não passavam por indicações partidárias, está na cara que a fonte da corrupção não era tão abundante como antigamente. Isso começou a bater sobre mim, como se eu fosse contrário à Lava Jato. Isso não é verdade.”

    Se dirigindo a Moro, declarou: “como o senhor disse hoje na sua coletiva, por três vezes, o senhor tem que zelar pela sua reputação. Eu digo que eu tenho um Brasil a zelar. Não apenas fiz um juramento quando sentei praça em 1963, em dar a vida pela pátria se preciso fosse. Mais que a vida à minha pátria eu tenho dado”.

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