'Brasília pode ter qualquer competição do mundo'
Afirmativa é da atacante da seleção brasileira feminina Marta; jogadora saiu impressionada do Mané Garrincha neste domingo após jogo pelo Torneio Internacional de Futebol Feminino; "A arena de Brasília está de parabéns. Não fica atrás em nenhum quesito"; leia entrevista
Agência Brasília - Ela é de Dois Riachos, no interior de Alagoas, nasceu numa família pobre e conquistou o mundo. Já foi eleita cinco vezes a melhor jogadora do planeta pela FIFA e, este ano, recebeu a sétima indicação da entidade máxima do futebol (nas outras duas, ficou em segundo e em terceiro). Por onde passa, Marta encanta, claro, com a bola nos pés, mas também pela simplicidade e humildade.
Em Brasília, por causa do Torneio Internacional de Futebol Feminino, a atacante faz elogios ao Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. "O estádio não fica atrás de nenhum dos mais modernos e avançados do mundo, principalmente da Europa e dos Estados Unidos. Os vestiários são os maiores que já vi em toda minha carreira", afirma, categoricamente.
Marta não tem dúvida de que o novo cartão-postal de Brasília é o responsável por colocar a capital do país na rota dos grandes eventos e, por tabela, desenvolver o futebol feminino que, segundo ela, ainda precisa de mais incentivos para crescer. Por isso mesmo, a sensação dela e das demais atletas da Seleção foi a melhor possível.
"Posso falar pelas meninas sem medo algum: ficamos emocionadas quando entramos no Mané Garrincha porque é uma honra jogar num estádio desse porte e dessa qualidade", ressalta a Rainha do Futebol Feminino. Nesta entrevista exclusiva ao Portal Brasília na Copa, Marta explica por que um investimento como a nova arena é importante para o desenvolvimento do esporte e, consequentemente, da cidadania. Confira:
Considerada a melhor jogadora do mundo por cinco vezes como é participar do Torneio Internacional de Futebol Feminino que está sendo disputado em Brasília?
É a primeira vez que a competição é realizada fora do eixo Rio-São Paulo. E o Mané Garrincha provou que Brasília pode sediar qualquer evento esportivo do mundo. Desde o primeiro momento, a gente foi bem recebida por todos. Já tive oportunidade de jogar em vários outros estádios nesse mundo a fora, principalmente Europa e Estados Unidos. Mas realmente a arena de Brasília está de parabéns. Não fica atrás em nenhum quesito.
Qual foi a sensação quando você conheceu o Mané Garrincha por dentro?
Eu e todas as meninas da Seleção Brasileira ficamos emocionadas quanto entramos no novo Mané Garrincha pela primeira vez. E, mesmo depois disso, não dá para ficar alheio diante de um monumento tão bonito e com toda infraestrutura. É tudo muito grandioso e isso faz com que qualquer pessoa que jogue aqui se sinta valorizada e reconhecida. Tudo é de primeira qualidade.
O que mais chama a atenção na arena brasiliense?
A proximidade com o torcedor é impressionante. Não vimos isso em nenhum estádio do mundo. Ouvir o torcedor vibrando tão de perto é muito bom. Quando me lembro dessa sensação que vivi, aqui, fico até arrepiada de tanta emoção. A gente sente a energia que vem das arquibancadas. Isso contagia e ajuda o jogador a fazer o seu melhor dentro de campo, principalmente quando estamos no fim do segundo tempo, sem pernas e quase sem fôlego. Aí, ouvir um incentivo do torcedor de tão perto faz com que a gente tire energia de onde não existe. Isso, na Copa do Mundo, vai ser muito bom, um estímulo a mais para nossa Seleção fazer bonito.
Com toda sua experiência e bagagem, o que deixa o Mané Garrincha entre os melhores estádios do mundo?
Vou ser sincera, os vestiários são um dos maiores que já vi em toda minha carreira. E olha que eu já rodei pelo mundo todo e realmente não vi igual. Pode parecer exagero, mas não é, não. Eu acabei me perdendo lá dentro de tão espaçoso e não é só isso. Os vestiários do Mané Garrincha tem tudo que um jogador precisa, antes e depois da partida. Temos sala de massagem, hidromassagem, chuveiros e armários requintados. Isso foi uma surpresa muito agradável que encontramos aqui.
Como está sendo jogar pela Seleção Brasileira aqui em Brasília?
Posso responder a essa pergunta por todas as meninas, sem nenhuma preocupação porque a sensação foi igual. Está sendo algo marcante em nossas vidas e carreiras. Fomos bem tratadas e acima de tudo reconhecidas como profissionais do futebol, que lutam por nossa camisa. Com certeza, o carinho da torcida da Brasília vai ficar bem guardado. Sem falar que, pisar no gramado do estádio que leva o nome de um dos maiores craques do mundo, o Anjo das Pernas Tortas (apelido de Garrincha), é muito significativo para qualquer jogador e jogadora de futebol.
Por falar em gramado, qual a avaliação do Mané Garrincha?
O gramado está legal e bom para qualquer competição. A questão agora é só mantê-lo porque a grama tem pouco tempo que foi plantada. Há gramados que levam anos para apresentar um alto grau de qualidade e o do Mané Garrincha está no caminho. A bola, aqui, rola tranquilamente. Já joguei em campos, fora do Brasil, que não chegam sequer perto do de Brasília. Com certeza, ele vai estar perfeito para a Copa do Mundo.
Você foi a madrinha da Copa Coca-Cola, disputada neste sábado (14/12), no Mané Garrincha. É o maior campeonato adolescente do planeta. Qual é a importância da Marta num evento assim?
É uma honra muito grande. É gratificante ver essas crianças jogando num estádio que sediará partidas da Copa do Mundo. Para a gente, que se empenha para isso acontecer, não tem preço. Sem dúvida nenhuma, é um momento único na vida de todos eles e isso ficará marcado para sempre. A Copa Coca-Cola é beneficente e isso vai contribuir muito para o futuro desses adolescentes, que têm entre 13 e 15 anos. Só de ver o sorriso dessa criançada já é recompensador. Eu mesma já participei desse tipo de competição quando era garota. Só que, na minha época, não havia esse apoio todo, ainda mais em se tratando de futebol feminino. Ser madrinha desse campeonato é dar de volta tudo que recebi como jogadora.
Como você avalia as políticas públicas voltadas para o esporte?
Eu vim de uma família muito pobre e, graças ao futebol, tive uma chance de melhorar de vida. Assim como tive sorte e lutei pelo que queria, muitos jovens também podem buscar dignidade por meio da prática de modalidades esportivas. Esta é a importância de políticas públicas voltadas o esporte. E, pelo que sei, em Brasília vários programas desse tipo estão sendo desenvolvidos para crianças, jovens e idosos. Os Centros Olímpicos são um exemplo disso. Atendem a milhares de pessoas com a prática de várias modalidades. Isso é fantástico e só vi isso em poucas cidades do Brasil.
Qual o estímulo que essas ações podem dar aos jovens?
Uma coisa que me impressionou em Brasília é que não vi crianças nas ruas, sem fazer nada. Para mim, isso é reflexo de um governo que incentiva o esporte. Isso é menos uma criança que perdemos para as drogas, por exemplo. E isso é o que devemos aplicar em todo o país. O esporte estimula os jovens e é uma ferramenta poderosa contra a evasão escolar. Não sou eu que estou dizendo, Isso já está mais do que provado com pesquisas.
Por que você voltaria a Brasília?
Porque, aqui, eu senti uma cidade acolhedora. Nos treinos da Seleção Brasileira, as pessoas vão nos ver, principalmente crianças, e isso é recompensador para nosso trabalho. Brasília conseguiu, com esse carinho, mostrar que não é uma cidade apenas do poder político. Aqui, a pessoas vibram com o esporte, com a prática do lazer em família. Prova disso é o público que está nos prestigiando no Mané Garrincha, nos jogos do Torneio Internacional de Futebol Feminino.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: