Grupo de Trabalho vai atuar na construção de uma cultura democrática contra o discurso de ódio, diz Manuela D'Ávila
Em entrevista à TV 247, a presidente do GT que vai discutir estratégias de combate ao discurso de ódio no País explicou as diretrizes do trabalho
247 - Nomeada para presidir o Grupo de Trabalho (GT) que vai discutir estratégias de combate ao discurso de ódio no País, a ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) falou nesta quinta-feira (23) sobre diretrizes do trabalho. Em entrevista ao programa Boa Noite 247, da TV 247, Manuela disse que o trabalho do GT será "buscar um diagnóstico do discurso de ódio no Brasil, mas sobretudo apresentar alternativas para a construção de uma cultura democrática, da paz, cidadã". "A partir dos letramentos digital e midiático", afirmou.
Na entrevista, Manuela D'Ávila contou que o grupo é constituído por 24 pessoas da sociedade civil e cinco pessoas de diferentes ministérios do governo federal. "É um grupo de trabalho, não é um cargo no governo federal. São pessoas voluntárias. Somos voluntários, não tem custo a produção deste grupo para o Brasil", detalhou. A primeira reunião do GT está marcada para o dia 6 de março. Os trabalhos terão seis meses de duração, podendo ser prorrogados.
Manuela D'Ávila, que além de política é jornalista, escritora e uma das grandes vítimas do discurso de ódio e da desinformação no País, reforçou que esse discurso é fundamentado na ideia de extermínio de alguns grupos. "O que legitima o discurso de ódio é o racismo. Só se surpreende com discurso de ódio quem o subestimou", afirmou.
Como funcionará
A ex-deputada disse que o enfrentamento à desinformação tem dois braços. "Um é o regulamento das plataformas, debate que está sendo feito pelo Congresso e coordenado pelo deputado (federal) Orlando Silva (do PCdoB-SP). É um debate que está sendo feito pela Secom", afirmou.
"O nosso grupo não debaterá o regramento das plataformas, porque isso está sendo feito por um conjunto de articuladores do governo e do Poder Legislativo. Nosso braço é o combate ao discurso de ódio e o que autoriza este tipo de comportamento. Nosso trabalho é buscar um diagnóstico do discurso de ódio no Brasil, mas sobretudo apresentar alternativas para a construção de uma cultura democrática, da paz, cidadã". "A partir dos letramentos digital e midiático", continuou.
A criação do GT foi publicada nesta quarta-feira (22), no Diário Oficial da União. O grupo deverá ao fim de 180 dias produzir um relatório final das atividades que será encaminhado ao ministro para avaliação. Em sua primeira reunião, o GT estabelecerá o calendário de encontros, seu modo de funcionamento e plano de trabalho com seus objetivos específicos.
De acordo com o ministro Silvio Almeida, a primeira tarefa do grupo deverá ser entender como o discurso de ódio se materializa nas relações sociais. "Precisamos discutir quais elementos constituem esse ódio que se pronuncia a partir de discursos que estão sendo naturalizados no ambiente público, principalmente nas chamadas redes sociais, onde certos grupos se sentem absolutamente à vontade para destilar o ódio e reforçar preconceitos", disse.
"Esses discursos que pregam ódio, discursos fascistas, inspirados em experiências históricas de destruição, como o nazismo, não estão dentro daquilo que a gente chama de democracia e de liberdade de expressão. Eles têm que ser fortemente combatidos, não podem chegar ao coração das pessoas", complementou.
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