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    Investigação que apavora Lira converteu-se em hub de apurações sobre "orçamento secreto"

    Pedro Magno Salomão e Juliana Cristina Batista, empresários do “delivery de dinheiro”, são alvo de apelos da Polícia Federal e do Ministério Público para que façam delação

    Arthur Lira (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados | Divulgação/Polícia Federal)
    Guilherme Levorato avatar
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    Por Luís Costa Pinto, diretor da sucursal de Brasília do 247 - Gláucia Cavalcante, mulher do ex-assessor parlamentar do PP Luciano Cavalcante, que se vendia em Brasília como “o operador” do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), possivelmente ama o marido. Mas, em Alagoas, Gláucia foi filmada em monitoramentos da Polícia Federal dirigindo o carro para Pedro Magno Salomão, que tinha ido a Maceió fazer entregas de dinheiro vivo para pessoas ligadas à empresa Megalic (fornecedora de “kits robótica”) e a prefeituras que comprava seus produtos com verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) liberadas por meio de emendas parlamentares escamoteadas nos becos do “orçamento secreto”. 

    Pedro é casado com Juliana Cristina Batista, que ajuda o marido nos périplos brasilienses sacando dinheiro vivo em frequentes visitas a agências bancárias e lotéricas diversas que também eram monitoradas por agentes federais desde novembro do ano passado. Pedro e Juliana estão unidos pelo casamento formal, pelo trabalho comum e pela clientela atendida - sem exclusividade, diga-se, nesse métier específico.

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    A dupla, que surge sempre sorridente, falante e simpática na coleção de filmes da Polícia Federal, não atendia exclusivamente a Luciano Cavalcante, marido de Gláucia e auto-intitulado “operador” do presidente da Câmara. O “casal Salomão”, como é tratado por policiais e procuradores, atuava na facilitação de entregas diversas para clientes diferentes. Eram uma espécie de delivery oportuno para quem precisava. Agora, são vistos pelos investigadores como um hub de potenciais escândalos que devem começar a pipocar como fogos de artifício. 

    A pólvora que acenderá esse arsenal de fogos desenhou um rastilho a partir do “orçamento secreto” que movia o Congresso Nacional nos tempos do ex-presidente Jair Bolsonaro por meio do consórcio político Ciro Nogueira (ministro da Casa Civil) e Arthur Lira (presidente da Câmara). 

    Encastelado na liderança do PP como “assessor especial”, Luciano Cavalcante tinha acesso franco a reuniões, gabinete e informações bastante caras em Brasília. Também se articulava com outros parlamentares da sigla e de fora dela. Usava muito o telefone celular, gostava de mensagens de whatsapp. Os celulares de todos eles estão neste momento tendo os conteúdos dos arquivos cuidadosamente extraídos e escrutinados por peritos da PF e do Ministério Público. 

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    Lira não pode exigir leniência do Governo e da PF - Desde a última quinta-feira, quando sequer pôde cobrar com propriedade a fatura da aprovação da Medida Provisória da Reforma Administrativa do presidente Lula mesmo tendo desfigurado o desenho da Esplanada dos Ministérios montado pelo petista antes da posse em 1º de janeiro, Arthur Lira esbraveja e estrebucha em conversas reservadas. Protestou contra a Operação Hefesto para o próprio Lula, para o ministro da Justiça, Flávio Dino, e para o diretor-geral da Polícia Federal. Também mandou recados a procuradores da República com os quais se relaciona. Narrou sua “proezas” - em verdade, bravatas desesperadas - para deputados e senadores que o procuraram. Sente-se acuado e perseguido. 

    De alguns desses interlocutores, ouviu pedidos para ter calma. Dos muito próximos, escutou discursos motivacionais para seguir endurecendo contra o Governo porque era assim que operava nos tempos de Bolsonaro e Ciro Nogueira no Palácio do Planalto. Nenhum deles, entretanto, foi capaz de lembrar a Lira que os tempos mudaram, o Governo mudou, e as práticas não podem ser as mesmas: a Polícia Federal está tentando voltar a ser republicana, não atua de acordo com uma agenda determinada pelo Presidente da República ou pelo Ministro da Justiça, como ousaram fazer Bolsonaro e seus trágicos “ministros da Justiça” Sérgio Moro, André Mendonça e Anderson Torres. 

    Ao exigir tratamento privilegiado para seu ex-assessor Luciano Cavalcante, para os entregadores de dinheiro Pedro Magno e Juliana Cristina, para os motoristas que trabalharam no delivery financeiro da Megalic, o presidente da Câmara desenha a própria caricatura política e encarna a personagem que se diz em Brasília de forma risonha e franca que ele é: um desesperado em busca de viver de novo as práticas do “orçamento secreto” que lhe deram imenso poder sobre os desígnios do País. Não é, nem pode pretender voltar a ser. As ações desesperadas de protesto expõem cada vez mais os flancos de Lira, e a polícia sabe disso.

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