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    Itamaraty fez operação para blindar imagem de Bolsonaro no caso Marielle

    Telegramas de seis embaixadas do Brasil no exterior foram encaminhados para o Ministério das Relações Exteriores, no governo Bolsonaro

    Jair Bolsonaro e Marielle Franco (Foto: PR | Mídia Ninja)
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    247 - O governo Jair Bolsonaro montou uma ofensiva coordenada para evitar que a associação da imagem dele ao assassinato da ex-vereadora da cidade do Rio de Janeiro (RJ) Marielle Franco (PSOL), morta pelo crime organizado em março de 2018. Telegramas de seis embaixadas do Brasil no exterior - Alemanha, França, Itália, Suíça, Cuba e Jamaica - foram encaminhados para o Ministério das Relações Exteriores entre novembro de 2019 e dezembro de 2020. 

    De acordo com telegramas oficiais obtidos pelo SBT News com base na Lei de Acesso à Informação (LAI), aliados de Bolsonaro no Ministério das Relações Exteriores queriam evitar a publicação de notícias na Europa associando ele ao crime. 

    Os telegramas estavam sob sigilo de 100 anos, imposto pelo ex-ocupante do Planalto, mas foram revelados nesta sexta-feira (17), após reavaliação feita pela Controladoria-Geral da União após um pedido feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

    Marielle era ativista de direitos humanos. Ela denunciava a violência policial nas favelas e criticava a atuação de milícias. 

    Dois ex-policiais foram presos: Ronnie Lessa, que, segundo as investigações, deu os tiros, e Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos, que seria o responsável por dirigir o carro. Lessa morava no mesmo condomínio de Bolsonaro no município do Rio e Queiroz também chegou a aparecer em uma foto com o ex-ocupante do Planalto.

    Lessa também afirmou que o assassinato de Marielle teria sido intermediado pelo ex-capitão Adriano da Nóbrega, chefe Escritório do Crime, grupo de matadores profissionais do Rio. 

    La Repubblica: carta de repúdio

    O embaixador do Brasil em Roma, Hélio Vitor Ramos Filho, comunica ao Ministério das Relações Exteriores que enviou uma carta de repúdio ao diretor do jornal italiano La Repubblica após uma reportagem "levantar suspeitas sobre a honra" de Bolsonaro ao associá-lo ao assassinato de Marielle Franco. Quatro dias depois, em 17 de fevereiro, o Itamaraty encaminhou o conteúdo completo da carta para o Secretário Especial de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wajngarten.

    De acordo com o embaixador, a matéria "Brasile, ucciso il killer che sapeva tutto sull'omicidio di Marielle Franco" (Brasil: morto o assassino que sabia tudo sobre o homicídio de Marielle Franco), publicada pelo La Repubblica em 10 de fevereiro de 2020, fazia 'ilações difamatórias', com o único objetivo de levantar suspeitas contra Bolsonaro por meio de uma "publicação irrazoável". 

    Esclarecimentos a jornal na Suíça

    O embaixador brasileiro em Berna, na Suíça, Evandro Didonet, encaminhou uma carta de resposta ao jornal Blick por conta da reportagem "Brasilien droht wegen Bolsonaro das Chaos" ou "Brasil sob ameaça do caos por causa de Bolsonaro", publicada em 6 de maio de 2020. 

    A reportagem suíça citava a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, quando ele denunciou que Bolsonaro estaria interferindo na Polícia Federal. Segundo o Blick, a suposta interferência estaria relacionado ao assassinato de Marielle.

    Cartas para a Alemanha

    Também foram enviadas cartas para jornais alemães por conta de reportagens sobre a violência no Brasil. A edição de 30 de novembro de 2020 da revista Der Spiegel intitulada "Brasiliens Waffengewalt -- Made in Germany" ou "A violência armada no Brasil -- Fabricado na Alemanha" aborda o crescente número de assassinatos no Brasil.

    Em 30 de novembro de 2020, o jornal Die Tegeszeitung publicou uma reportagem sobre as eleições municipais brasileiras, intitulada "Doch kein Sozialist für São Paulo" ou "Sem socialista para São Paulo".

    Críticas ao Le Monde 

    O embaixador Luís Fernando Serra, em Paris, enviou uma carta para o Itamaraty, no dia 4 de novembro de 2019, em crítica à reportagem do Le Monde após o veículo publicar uma matéria de "linha editorial de centro-esquerda".

    O Le Monde publicou no fim de semana de 1º e 2 de novembro de 2019 um artigo do correspondente Bruno Meyerfeld sobre a reação de Jair Bolsonaro a uma reportagem veiculada pela TV Globo, que noticia que ele será citado no inquérito policial sobre o assassinato da vereadora.

    Sucesso?

    Em 5 de janeiro de 2020, o embaixador Luís Fernando Serra considerou 'de tom bastante positivo' a reportagem da revista "Valeurs Actuelles",-- "Brésil: réforme des retraites, stabilité économique, lutte contre la délinquance... Bolsonaro engrange les succès" (Brasil: reforma da previdência, estabilidade econômica, combate à inadimplência... Bolsonaro colhe sucessos) --, que fez uma reportagem sobre o balanço do primeiro ano do governo Bolsonaro diante de desafios.

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