Possíveis delações do caso “Rei do Lixo” aterrorizam Brasília

247 - As articulações em torno de delações premiadas envolvendo Marcos Moura, empresário conhecido como o "Rei do Lixo" da Bahia, e outros investigados na Operação Overclean têm gerado apreensão em gabinetes de Brasília e na Prefeitura de Salvador. As informações são da coluna de Igor Gadelha, no portal Metrópoles.

Moura foi preso no último dia 10 de dezembro e está detido no Centro de Observação Penal da Penitenciária Lemos Brito, em Salvador. Ele prestou depoimento à Polícia Federal na última segunda-feira (16/), mas recusou, até o momento, a proposta de colaboração feita pelos investigadores. A operação apura desvios de recursos públicos e fraudes em licitações envolvendo contratos milionários da MM Consultoria Construções e Serviços, empresa de Moura.

Impacto político de uma possível delação

Fontes da Polícia Federal avaliam que uma eventual delação do empresário ou de outros envolvidos na investigação pode transformar a Operação Overclean em algo grandioso. O alcance da colaboração teria o potencial de expor políticos influentes, especialmente ligados ao partido União Brasil, como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto e o senador Davi Alcolumbre (AP), que está cotado para presidir o Senado.

Outro alvo da operação, o vereador eleito Francisco Nascimento (União-BA), conhecido como Francisquinho, também recusou colaborar e permaneceu em silêncio durante sua oitiva na mesma segunda-feira. Ele é primo de Elmar Nascimento (União-BA), líder do partido na Câmara dos Deputados.

Os advogados de ambos refutam, por ora, qualquer possibilidade de delação premiada. Segundo a defesa, o processo ainda é recente e precisa ser melhor compreendido antes de se cogitar acordos de colaboração.

Prefeitura de Salvador em alerta

A prisão de Marcos Moura causou pânico nos bastidores da Prefeitura de Salvador, administrada por Bruno Reis (União Brasil). Integrantes do alto escalão temem que as investigações avancem sobre contratos bilionários da MM Consultoria com a gestão municipal e que o caso atinja diretamente o prefeito.

A apreensão é ainda maior devido às conexões políticas do empresário, que é filiado ao União Brasil e mantém laços com lideranças do partido. Além disso, a possibilidade de um acordo de colaboração ameaça expor um esquema que pode ter ramificações em diversas administrações municipais e estaduais.

Os próximos passos da Operação Overclean definirão se o "Rei do Lixo" será o pivô de mais um grande escândalo nacional ou se manterá a estratégia de defesa silenciosa.