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    Frente evangélica critica protestos em hospital onde menina de 10 anos fez aborto legal e cobra investigação

    Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito condenou os protestos liderados por fundamentalistas evangélicos e católicos em frente a um hospital do Recife e cobrou que os envolvidos "sejam investigados e, em caso de crimes, punidos”

    (Foto: Reprodução)

    247 - Por meio de uma carta aberta, a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito condenou os protestos liderados por fundamentalistas evangélicos e católicos em frente ao Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros “(CISAM), no Recife, visando interromper o procedimento autorizado pela Justiça para a interrupção da gravidez de uma menina de dez anos, estuprada por um tio. Na carta, a Frente cobra “que os envolvidos nesse episódio sejam investigados e, em caso de crimes, punidos” e critica o “oportunismo” dos parlamentares que participaram da manifestação. 

    “Em nenhum momento os gritos se voltaram contra o estuprador. Em nenhum momento se apiedaram dessa criança, há tanto tempo violentada no corpo e na alma”, destaca o texto. “Condenamos também que políticos, em especial os ligados às bancadas religiosas, e influenciadores digitais usem o episódio para disseminar o ódio, colocando culpa e mais dor sobre a vítima”, diz a Frente em outro trecho do documento. 

    Leia a íntegra da carta da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito sobre o assunto. 

    “Um grupo de religiosos, católicos e evangélicos, se reuniu diante de um hospital no Recife (PE) para protestar contra a interrupção da gestação de uma criança, de apenas dez anos, estuprada por seu tio. Junto com parlamentares como os deputados Clarissa Tércio, do PSC e Joel da Harpa, do PP, que participaram do ato, hostilizaram a criança, os familiares e os profissionais de saúde. 

    Cobramos que os envolvidos nesse episódio sejam investigados e, em caso de crimes, punidos.

    Mesmo tendo autorização judicial para realizar o procedimento e, ainda que o Código Penal, desde 1940, garanta a interrupção segura da gravidez à mulher violentada, os religiosos gritavam “assassina” e oravam para que o aborto não fosse executado, segundo o noticiário.

    Com seus gritos também perturbaram mulheres grávidas em um momento de alta fragilidade e culparam uma criança, sem maturidade fisiológica e emocional e que vinha sendo estuprada nos últimos 4 anos. 

    Em nenhum momento os gritos se voltaram contra o estuprador. Em nenhum momento se apiedaram dessa criança, há tanto tempo violentada no corpo e na alma.

    Lembramos que Jesus só demonstrou desprezo pelos fariseus, porque eles colocavam seus valores acima do amor. Todas as vezes que eles tentavam vencer Jesus com argumentos, eram destroçados pela inteligência do Mestre.

    Nossa oração é que a Graça e a Misericórdia dEle alcancem essa garota que precisa do conforto espiritual num momento tão duro, ainda no início de sua vida. E que a Igreja seja um local de conforto e não de julgamento para ela e seus familiares. Os que escolheram jogar pedras estão indo contra a Palavra de Deus, pois atacam uma criança ao invés de acolher como fez nosso Mestre. Que a justiça se encarregue de julgar essas pessoas por expor uma menor de idade a essa tortura psicológica.

    A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito é solidária à criança de dez anos e sua família, vitimas de imensurável dor. E entende que é direito, protegido pela Lei e por decisão judicial, a interrupção da precoce gravidez, resultado do crime de estupro.  

    Condenamos também que políticos, em especial os ligados às bancadas religiosas, e influenciadores digitais usem o episódio para disseminar o ódio, colocando culpa e mais dor sobre a vítima.”

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