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    Humoristas cearenses acirram a disputa no segundo turno de Fortaleza

    Nova geração de humoristas e figuras consagradas também entraram na briga

    André Fernandes e Evandro Leitão (Foto: Agêcia Câmara I Assembleia Legislatica do Ceará)

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    Por Sara Goes (247) - Em uma disputa acirrada, nacionalizada e com empates insistentes em todas as pesquisas, o segundo turno das eleições de Fortaleza ganhou um novo componente: a mobilização dos humoristas. Conhecida como a "terra do humor", o Ceará vê seus comediantes não apenas como entretenimento, mas como atores importantes no cenário político, usando o riso como ferramenta de crítica e reflexão. Nesta reta final, a luta contra o candidato André Fernandes (PL), representante da extrema direita, ganhou força com o engajamento de artistas que utilizam sua visibilidade e influência para combater ideias autoritárias e negacionistas. De forma incisiva, figuras consagradas como Falcão e Luis Antonio, intérprete da personagem Aurineide Camurupim, têm se posicionado firmemente contra Fernandes, criticando suas posturas alinhadas ao bolsonarismo. Falcão, que sempre misturou humor e crítica social, tem usado suas plataformas para alertar sobre os perigos do autoritarismo e do negacionismo científico, enquanto Aurineide, famosa por seu humor popular, reforça a defesa dos valores democráticos, evidenciando a preocupação da classe artística com o futuro político da capital cearense.

    A nova geração de humoristas também entrou na briga. Leo Suricate, influenciador digital e co-criador do Suricate Seboso, está entre os mais engajados, aproveitando sua audiência jovem e numerosa para criticar as propostas de Fernandes e cobrar posicionamentos mais alinhados com os interesses populares. O envolvimento político não é novidade, Leo chegou a ser candidato pelo PSOL a deputado estadual em 2022 e já cobrou o presidente Lula por política pública para a juventude. Nestas eleições destaca-se também o valioso papel de Moisés Loureiro, que além de humorista e ator tem experiência no mercado publicitário, sabendo como e onde atingir seu público. Com seu humor afiado e de teor político, revisitou seu espetáculo "Não Vote em Mim" para adaptar as críticas à atual disputa, reforçando o papel do humor como espaço de resistência e denúncia. Haroldo Guimarães, apesar de ser um crítico frequente do PT, expressou publicamente sua decepção com o apoio de Roberto Cláudio ao candidato de extrema direita, destacando a incoerência de um médico infectologista apoiar um político identificado com o negacionismo científico. Sua fala expôs as divisões que surgiram até mesmo entre aqueles que antes caminhavam juntos em defesa de valores democráticos.

    Mateus Cidrão, comediante e roteirista, trouxe uma abordagem diferente ao tratar do passado de André Fernandes. Conhecido por seu humor ágil e focado no cenário político, Mateus, apoiador de Ciro Gomes e seus aliados, gravou vídeos ainda durante o primeiro turno nos quais ironizava as polêmicas do passado de Fernandes como youtuber, transformando seus erros em piada. Ao ver o apoio tácito do cirismo ao fascismo, Cidrão embarcou para Paris e deve estar aguardando o fim do pleito para lançar um material novo. No entanto, nem mesmo Mateus Cidrão, com todo o seu talento para reverter o temeroso futuro de uma possível gestão de Fernandes em Fortaleza.

    Tom Cavalcante, uma das maiores referências do humor cearense, optou por satirizar apenas as eleições paulistanas, enquanto a dama do humor Rossicléa, personagem da progressista Valéria Vitoriano, também mantêm distância do debate direto, talvez preocupados com as repercussões no ambiente empresarial do humor e as conexões com o Sudeste. As represálias de seguidores extremistas podem resultar na perda de oportunidades e sobretudo para Valéria, cujo empreendimento impulsiona jovens talentos, um boicote poderia prejudicar outros humoristas. Com o segundo turno se aproximando, a presença dos humoristas cearenses no debate político reflete o impacto da cultura local no direcionamento das discussões eleitorais. Em um Ceará que sempre foi referência de riso e criatividade, o humor se consolida como uma ferramenta poderosa de conscientização e engajamento, tornando-se uma peça fundamental na defesa de uma Fortaleza mais inclusiva e plural. Durante a "triste era Bolsonaro", como falava meu colega Joaquim de Carvalho, o riso se transformou em um ato de resistência, desarmando o extremismo com inteligência e leveza. No cenário eleitoral de Fortaleza, o humor se tornou uma arma poderosa em uma batalhas épica contra o fascismo.

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