Bolsonaro ajudou Ronnie Lessa, assassino de Marielle, a ter atendimento médico após atentado, confirma prontuário
Prontuário médico de Lessa detalha que Bolsonaro indicou o ex-PM para receber atendimento na ABBR após um grave atentado em outubro de 2009
247 - Um relatório médico robustece a ligação entre Jair Bolsonaro (PL) e o ex-policial militar Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (Psol) e seu motorista Anderson Gomes em 2018. Segundo a Folha de S. Paulo, o prontuário médico de Lessa confirma que Bolsonaro, então deputado federal, foi responsável por encaminhá-lo para tratamento na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) após um atentado a bomba em 2009.
O prontuário, que faz parte do inquérito sobre o assassinato de Marielle, detalha que Bolsonaro indicou Lessa para receber atendimento na ABBR após o ex-PM sofrer um grave atentado em outubro de 2009. Na ocasião, Lessa perdeu parte de sua perna esquerda e começou o tratamento em dezembro daquele ano.
Em 2019, Lessa confirmou em depoimento que o encaminhamento à ABBR se deu por intermédio de Bolsonaro, embora tenha afirmado que a ajuda foi obtida através de um outro policial, cujo nome ele não soube indicar. Em entrevista à revista Veja em 2022, Lessa reiterou que não tinha uma relação próxima com Bolsonaro e que nem sequer chegou a agradecê-lo pelo apoio.
O atentado sofrido por Lessa foi inicialmente visto como um indício de sua suposta ligação com o contraventor Rogério Andrade, um bicheiro alvo de um ataque semelhante no ano seguinte. Lessa, no entanto, negou qualquer vínculo com Andrade à época. Durante os anos de tratamento na ABBR, Bolsonaro era um deputado federal conhecido por seu apoio à corporação policial.
A médica responsável pelo atendimento de Lessa na ABBR, ouvida durante as investigações, disse não se lembrar dele especificamente, mas confirmou que a menção a Bolsonaro no prontuário foi baseada nas informações fornecidas pelo próprio Lessa no primeiro contato.
Lessa foi preso em março de 2019, acusado de ser um dos autores do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Ele foi detido no Condomínio Vivendas da Barra, onde Bolsonaro também mantinha residência desde pelo menos 2008 até sua eleição à Presidência em 2018. A proximidade levantou suspeitas sobre possíveis conexões entre eles.
Em outubro de 2019, a apreensão de uma planilha de controle de entradas e saídas do condomínio mostrou que Élcio Queiroz, outro réu confesso na participação do crime, foi autorizado a entrar no local no dia do assassinato por alguém da casa de Bolsonaro. Investigações posteriores indicaram que o porteiro do condomínio teria errado ao apontar a casa de Bolsonaro como responsável pela liberação da entrada de Élcio.
Apesar do erro do porteiro, a possível ligação entre Bolsonaro e Lessa permaneceu sob escrutínio policial. Em dezembro de 2019, o delegado Daniel Rosa, que assumiu o caso, solicitou busca e apreensão na ABBR para obter os documentos originais do tratamento de Lessa, mas a medida não foi autorizada.
Em março deste ano, a Polícia Federal prendeu Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o deputado Chiquinho Brazão (sem partido), acusados de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco. Ambos são réus em uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF).
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