Com governo Tarcísio, PM de São Paulo retoma alta de mortes. Baixada Santista lidera fora da capital
Após ano de menor letalidade, número de mortes por ação policial cresce, com destaque para a região da Baixada Santista, que supera até a Grande SP
247 - No primeiro semestre de 2023, o estado de São Paulo enfrenta um aumento nas mortes resultantes de intervenção policial, revertendo a tendência de redução observada no ano anterior. De acordo com dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública no último mês, a capital, a Região Metropolitana e, de forma preocupante, a Baixada Santista lideram os números mais elevados. As estatísticas refletem um cenário alarmante, especialmente na Baixada, onde ocorreram 14 mortes desde o último fim de semana, após uma operação de vingança motivada pelo assassinato de um soldado da Rota no Guarujá. >>> Tarcisio age como fora da lei ao defender chacina e "polícia não é milícia", aponta Estadão, em editorial
Em comparação com o ano anterior, a letalidade policial em todo o estado aumentou em 9,4% durante os primeiros seis meses de 2023, totalizando 221 casos. Esse crescimento contrasta com a redução celebrada de 2022, que foi parcialmente atribuída à implantação das câmeras de vídeo nos uniformes da Polícia Militar, conhecida como "Olho Vivo". No entanto, mesmo essa medida não foi capaz de conter o aumento das mortes por ação policial neste ano.
A cidade de São Paulo, com sua população de 11,4 milhões de habitantes, registrou 104 mortes em confrontos com policiais militares e civis até o final de junho de 2023, representando um aumento de 13% em relação ao mesmo período do ano anterior. A Baixada Santista, por sua vez, que abrange cerca de 2 milhões de habitantes, teve 20 mortes no primeiro semestre deste ano, um aumento em relação às 18 mortes do mesmo período no ano passado. Esses números colocam em evidência a preocupante semelhança na letalidade policial entre a Baixada e a capital, apesar da grande diferença populacional. >>> Secretário que vai acabar com livros nas escolas paulistas foi sócio de empresa de equipamentos eletrônicos
Os especialistas apontam para várias razões possíveis para esse aumento nas mortes por ação policial, incluindo o aumento da circulação de armas. No entanto, o momento coincidente com a mudança de gestão também é enfatizado como um fator relevante. Ouvida pelo Estado de S. Paulo, a Diretora Executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, destaca que embora as câmeras corporais tenham contribuído para a redução da letalidade policial, outras iniciativas, como a profissionalização do uso da força, o fortalecimento do apoio psicológico aos policiais e a implementação de equipamentos menos letais, também tiveram papel importante na diminuição dos números em 2022.
A dinâmica das mortes cometidas pelas polícias também é observada, onde muitas vezes ocorrem "operações vingança", caracterizadas por mortes em série após incidentes letais envolvendo agentes de segurança pública. O aumento das mortes por ação policial também é influenciado pelo contexto do crime organizado na Baixada Santista, uma região que abriga diversas comunidades e é palco de disputas de facções pelo controle do território. >>> Matança da PM de Tarcisio deve ser investigada como chacina, diz Orlando Silva
Embora o governo de São Paulo tenha defendido a atuação policial na Baixada Santista como uma resposta proporcional ao crime organizado, a preocupação com a escalada da violência persiste. Especialistas advertem que a estratégia atual pode ser equivocada e aumentar o risco de confrontos armados. A região da Baixada Santista tem se tornado um foco crescente do crime organizado, devido à sua localização estratégica próxima ao Porto de Santos, utilizado para o tráfico de drogas para o exterior.
Em meio a essa situação preocupante, a Secretaria de Segurança Pública ressalta que o aumento nas mortes em intervenções policiais é muitas vezes resultado da escolha do confronto feita pelo infrator, colocando em risco a vida de todos os envolvidos. A secretaria enfatiza a importância de investigar e punir qualquer excesso ou falha nas ações policiais, ao mesmo tempo em que diz continuar investindo em treinamento e políticas públicas para reduzir as mortes em ações policiais.
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