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    Eleitores associam Boulos ao estigma de "invasor" e relacionam Nunes a problemas de segurança, diz pesquisa qualitativa

    Eleitores indecisos avaliam Guilherme Boulos como radical, enquanto o atual prefeito é criticado pela cracolândia e pela degradação do centro da capital paulista

    Guilherme Boulos e Ricardo Nunes (Foto: Brasil 247/Wikimedia)

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    Uma pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Travessia aponta que o deputado federal Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e pré-candidato do Psol à prefeitura de São Paulo, ainda é associado ao estigma de "invasor de imóveis" devido à sua atuação à frente do movimento social. Já o atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), enfrenta resistência do eleitorado paulistano diante dos temas da segurança pública e da deterioração do centro da capital.

    Segundo o jornal O Globo, o estudo, conduzido na última terça-feira (26), entrevistou oito eleitores indecisos, distribuídos igualmente entre homens e mulheres, com idades variando entre 25 e 65 anos e pertencentes às classes sociais B e C. As pesquisas qualitativas visam aprofundar análises sobre o comportamento de eleitores diante de certos temas, mas os resultados não são utilizados para generalizar os resultados obtidos.

    Segundo o estudo, os participantes expressaram preocupação com a ligação de Boulos com o movimento sem-teto, destacando o receio em relação à questão das invasões de propriedades. Alguns eleitores consideram impossível votar no candidato do PSOL devido à sua ligação com movimentos sociais considerados “mais radicais”.

    A presença da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) na chapa de Boulos, porém, é vista como um trunfo para sua campanha. Marta, reconhecida por iniciativas como o Bilhete Único e os Centros Educacionais Unificados (CEUs), atrai eleitores de diversas tendências políticas, inclusive os mais inclinados à direita. A pesquisa também revelou que o apoio do presidente Lula (PT) a Boulos pode influenciar alguns eleitores, mas há críticas em relação à estagnação do governo e ao encarecimento de produtos básicos.

    “Boulos tem rejeição considerável, e a pecha de invasor e o perfil muito à esquerda assusta parte dos entrevistados. Marta rompe a bolha da esquerda entre os mais pobres pelo perfil assistencialista visto como positivo, atraindo para Boulos inclusive eleitores de viés à direita”, avalia o cientista político e especialista em pesquisas qualitativas e sócio do Instituto Travessia, Renato Dorgan.

    Por outro lado, Ricardo Nunes é reconhecido como um político de centro e algumas de suas iniciativas começam a ganhar destaque entre os eleitores, como a criação de faixas exclusivas para motos e a tarifa gratuita nos ônibus aos domingos. A gestão de Nunes é afetada pela questão da segurança pública e pela deterioração do centro da cidade, especialmente no que diz respeito à cracolândia. Alguns eleitores mencionaram a influência do crime organizado na região e expressaram preocupação com a falta de ação das autoridades. O apoio de Jair Bolsonaro (PL) ao atual prefeito também é pouco conhecido entre os participantes do estudo.

    Nesta linha, Dorgan ressalta que “Nunes tem baixa rejeição e sua gestão tem melhoras pontuais na saúde e transporte. Porém, é afetada pela segurança pública e degradação do centro. A falta de resolução na cracolândia começa a ter ares conspiratórios de especulação imobiliária e há eleitores que citam a influência do PCC na região e o medo de autoridades de enfrentar o crime organizado”.

    Já a pré-candidata do PSB, a deputada federal Tábata Amaral, é mais reconhecida pelas pessoas de maior escolaridade do grupo. O estudo, contudo, apontou que os partipantes da pesquisa não sabem ao certo qual o seu posicionamento político com algumas pessoas a considerando de esquerda e outras de direita.

    Ainda segundo a reportagem, Marina Helena (Novo), conquistou a simpatia de apenas uma eleitora associada a Bolsonaro, enquanto a pré-candidatura do deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil) não é levada a sério. “Quando questionados sobre quais candidatos estão em dúvida, a maioria oscila entre Boulos e Nunes”, ressalta o periódico.

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