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    Estudo diverge que novas câmeras da PM gravem sem cortes, como defende o governo Tarcísio

    Um levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos de Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP) apresenta um cenário diferente

    Exemplo de uma das câmeras corporais que podem ser implementadas ao uniforme de policiais na Bahia (Foto: Divulgação / Governo da Bahia)

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    247 - A implementação das câmeras corporais pela Polícia Militar de São Paulo gerou intensas discussões entre o governo estadual e especialistas em segurança pública. O modelo, vencedor de uma licitação da Motorola Solutions, introduz um sistema no qual os policiais devem ativar manualmente os dispositivos durante as operações. Caso o policial não acione a câmera, o equipamento será ativado remotamente, mas os registros de ocorrências ficam comprometidos se o dispositivo não for ligado. A reportagem é do portal Metrópoles.

    A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo, em nota, defende que, apesar da necessidade de acionamento manual, as câmeras operam "ininterruptamente". Para a pasta, a solução garante que o aparelho irá recuperar os últimos 90 segundos de gravação, mesmo que não tenha sido ativado pelo policial no momento da ocorrência. “A câmera opera ininterruptamente, uma vez que o aparelho recupera os últimos 90 segundos de gravação anteriores ao momento do seu acionamento”, afirmou a SSP.

    Entretanto, um levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos de Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP) apresenta um cenário diferente. Em uma nota técnica, o grupo argumenta que, se o policial decidir não acionar o dispositivo, não haverá qualquer registro das ocorrências. Para o NEV, a diferença entre o novo modelo e o sistema anterior é significativa, já que a antiga tecnologia mantinha uma gravação contínua das ações da PM.

    A polêmica sobre o novo sistema de câmeras corporais tem sido alimentada desde a publicação do edital para a compra de 12 mil dispositivos em maio deste ano. O modelo da Motorola Solutions substitui o “Olho Vivo”, um projeto lançado em 2021 com o objetivo de aumentar a transparência nas abordagens policiais e reduzir a letalidade nas ações. O "Olho Vivo" já foi responsável por uma diminuição de 62,7% nas mortes em serviço, conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados em 2023.

    Na manhã de terça-feira (10), o governador Tarcísio de Freitas acompanhou de perto os testes das câmeras da Motorola, realizados no quartel-general da Polícia Militar de São Paulo. Durante o evento, foi verificado o funcionamento do acionamento remoto, que entra em ação automaticamente caso o policial falhe em ligar o equipamento. A presença de Tarcísio no evento ocorre em meio a uma crescente repercussão negativa de casos de violência policial no estado, como o ocorrido no início de dezembro, quando um policial jogou um homem rendido de uma ponte em Cidade Ademar. Outro episódio marcante foi o caso de um menino de 4 anos que morreu em novembro, atingido por uma bala perdida disparada durante uma operação na Baixada Santista.

    Embora o governador inicialmente tenha se posicionado contra o uso das câmeras corporais, ele passou a apoiar a implementação do novo sistema. Em uma mudança de postura, Tarcísio agora defende o uso das câmeras como uma ferramenta para aumentar a transparência nas operações da PM. "As câmeras são um passo importante para melhorar a relação entre a polícia e a sociedade, além de aumentar a responsabilidade dos agentes", disse o governador durante o evento.

    A questão chegou à Suprema Corte no início de dezembro, quando o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, atendeu a um pedido da Defensoria Pública de São Paulo e determinou que as câmeras usadas pela PM do estado devem ter gravação ininterrupta. A decisão de Barroso exige que o modelo de gravação contínua seja mantido e que o governo paulista preste informações sobre a regulamentação dos processos disciplinares para os policiais que descumprirem as normas do uso das câmeras.

    Até o momento, o governo de São Paulo não se posicionou oficialmente sobre a possibilidade de recorrer da decisão do STF. A Secretaria de Segurança Pública informou ao Metrópoles que "não foi intimada pelo Supremo Tribunal Federal (STF)" e que, assim que isso ocorrer, avaliará as medidas cabíveis. A Motorola Solutions, por sua vez, não se pronunciou sobre a controvérsia e o espaço permanece aberto para manifestações.

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