Família Simonsen é alvo de operação da PF que apura esquema de fachada na FGV
PF investiga o envolvimento da família em um esquema de corrupção, fraudes a licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro
Reuters - Membros integrantes da família fundadora da FGV, Fundação Getúlio Vargas, são alvos nesta quinta-feira de uma operação da Polícia Federal (PF) que apura uma série de crimes supostamente praticados por meio da instituição de ensino, entre eles corrupção, fraude licitatória, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Os agentes da PF estão na sede da FGV, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, para cumprir mandados de busca e apreensão. Outros endereços ligados a quadrilha estão na mira dos agentes.
A Justiça Federal do Rio de Janeiro expediu 29 mandados, sendo que 26 são cumpridos no Rio e três em São Paulo.
Segundo fontes da PF, entre os principais alvos da operação estão três integrantes da família Simonsen: Ricardo Simonsen, que ocupa cargo de diretor na FGV, Maria Inês Norbert Simonsen e Rafael Norbert Simonsen.
A investigação sobre as fraudes começou em 2019 após denúncia de que a FGV era utilizada por órgãos federais e estaduais para "fabricar pareceres que mascaravam o desvio de finalidade de diversos contratos que resultaram em pagamento de propinas", disse a PF em comunicado em seu site, no qual não identifica a instituição investigada.
Segundo a PF, a instituição se transformou em um verdadeiro "biombo legal".
Procurada, a FGV ainda não se manifestou sobre a operação.
A FGV oferece cursos de graduação e pós-graduação em diversas áreas, e presta consultoria para empresas públicas e privadas. A instituição também é responsável pela divulgação de indicadores e índices econômicos acompanhados de perto pelo mercado como IGP-M e IGP-DI.
Além de pareceres inverídicos que camuflavam a corrupção dos agentes públicos, as investigações apontam que a FGV superfaturava contratos sem licitação e fraudava processos licitatórios.
Segundo a PF, a instituição encobria a contratação direta ilícita de empresas indicadas por agentes públicos, de empresas de fachada criadas por seus executivos, e fornecia, mediante pagamento de propina, vantagem a empresas que concorriam em licitações coordenadas por ela.
"Para ocultar a origem ilícita dos valores, além das empresas de fachada nacionais, observou-se que diversos executivos titularizam 'offshores' em paraísos fiscais como Suíça, Ilhas Virgens e Bahamas, indicando não só a lavagem de capitais, como evasão de divisas e de ilícitos fiscais", disse a PF.
As penas pelos crimes cometidos na fraude envolvendo a FGV podem chegar a quase 90 anos de prisão.
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