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    Juventude das favelas quer poder de compra

    Renda maior principal aspirao atual; pesquisa indica que dinheiro no bolso mais importante para a juventude das comunidades pacificadas do que conteno do trfico, do desemprego e da violncia

    Gisele Federicce avatar
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    Rio 247 _ Engana-se quem pensa que a violência é o maior obstáculo para os jovens que nasceram e vivem em comunidades pacificadas pelo poder público. O poder de fogo dos traficantes perde para a pobreza, segundo pesquisa da Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos publicada nesta quarta-feira no jornal O Globo. Foram entrevistados 700 jovens residentes em sete comunidades que receberam Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Na opinião destes jovens, a pobreza ainda representa o maior obstáculo em suas rotinas. O problema foi citado por 24% dos entrevistados e ficou na frente, inclusive, do desemprego (10%), do tráfico de drogas (10%) e da violência (8%).

    As favelas escolhidas por sorteio foram Providência (Centro), São João (Engenho Novo), Pavão-Pavãozinho/Cantagalo (Copacabana), Turano (Rio Comprido), Andaraí, Macacos (Vila Isabel) e Batam (Realengo). Os dados foram colhidos pelo Ibope nos últimos quatro meses. Os 700 jovens, com idades entre 15 e 29 anos, responderam a um questionário para mostrar quais são as necessidades atuais para uma vida segura e de boa qualidade em comunidades com UPP. O estudo foi coordenado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), em parceria com a Uerj.

    Os pessquisadores apontam que os questionários mostraram "famílias extremamente pobres" , sendo que 50% delas têm uma renda média de um a dois salários mínimos. A maioria das famílias é composta por quatro ou mais pessoas que vivem como menos de mil reais por mês. Um dado curioso é que apesar da violência ter ficado em quarto lugar na lista de problemas, quando a pergunta foi quais as principais ações para melhorar as condições de vida nas favelas, o combate à violência ficou no topo.

    Outro ponto que chama a atenção é referente à ocupação dos jovens. Do total de 700 entrevistados, 44% só trabalham e 19% só estudam; 26% não fazem nem uma coisa nem outra. No quesito evasão escolar, 55% disseram ter interrompido os estudos.

    Segundo o estudo, entre os 55% que pararam de estudar, 41% disseram que os motivos foram falta de tempo e necessidade de trabalhar. Em segundo lugar ficou a gravidez, com 29%. Em terceiro, aparece cansaço da vida ou desânimo com o colégio.

    O número de jovens que não conseguiram preencher o questionário por não saber ler também impressionou a equipe de pesquisa. Mas os questionários apontaram apenas 2% de analfabetos. A grande maioria (31%) disse ter concluído o ensino fundamental. Apenas 1% declarou ter concluído o ensino superior. O questionário é concluído com uma pergunta sobre planos para o futuro e uma surpresa: 34% dos jovens sonham cursar uma universidade.

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