Operação 'com 25 mortos não pode ser considerada eficaz', afirma defensora pública
A defensora pública do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, Maria Julia Miranda, disse ter visto "muitas poças de sangue" e descreveu um cenário de muros e portas na favela "cravejados de balas"
247 - A defensora pública do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, Maria Julia Miranda, que foi à favela do Jacarezinho pouco antes de ser anunciado o fim da operação da Polícia Civil, que resultou na morte de 24 moradores mais um policial, afirmou que "uma operação com 25 mortos não pode ser considerada eficaz".
Ela também disse ter visto "muitas poças de sangue" e descreveu um cenário de muros e portas na favela "cravejados de balas".
"Precisamos saber quantas pessoas chegaram mortas ao hospital. Se essas 24 pessoas chegaram mortas, isso caracteriza, sim, desfazimento de cena de crime. (...) Uma operação com 25 mortos não pode ser considerada eficaz", ressaltou.
"Muitos muros e portas cravejados de balas. Duas casas me impactaram muito. Em uma das casas, a família foi retirada e morreram dois rapazes. Os cômodos estavam repletos de sangue. E também tinha massa encefálica espalhada. A senhora que falou com a gente estava muito impactada", declarou.
A defensora também disse que um rapaz foi executado no quarto de uma menina de 8 anos. "Inclusive, a coberta que ela [a menina] usa estava na poça de sangue. Essa menina está completamente traumatizada. (...) Provavelmente nesses casos houve execução. O que, pra gente, configura desfazimento de cena de crime", acrescentou.
A defensora relatou um clima caótico, com mães perdidas na favela, em busca dos filhos, paralisação do metrô e das aulas, assim como atendimento médico em clínicas da família.
O ouvidor-geral da Defensoria Pública, Guilherme Pimentel, afirmou que “também tivemos relatos de agressões físicas, outras pessoas baleadas, interrupção na vacinação. Um clima de terror generalizado", destacou.
O governo do Rio de Janeiro descumpriu a liminar deferida pelo ministro Edson Fachin e referendada pelo plenário da corte que proibiu operações policiais nas comunidades durante a pandemia da Covid-19, a partir da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) nº 635, conhecida como “ADPF das Favelas”.
Com 24 mortos pela polícia, a Chacina do Jacarezinho é a maior da história da cidade do Rio de Janeiro e a segunda maior da história do estado. Mas as entidades de direitos humanos dizem que o número de mortos pode subir ainda mais.
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