Polícia do Rio foi cúmplice do crime, dizem viúvas de Marielle e Anderson
"Não descansaremos até que todos os sórdidos poderes que dominam este Estado sejam, enfim, derrotados", diz a nota assinada por Monica Benicio e Agatha Arnaus
247 - Em nota, as viúvas de Marielle Franco, Monica Benicio, e do motorista Anderson Gomes, Agatha Arnaus, se manifestaram neste domingo sobre a operação da Polícia Federal que levou à prisão dos irmãos Domingos e Chiquinho Brandão.
Domingos é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e Chiquinho, deputado federal. Também foi preso o delegado Rivaldo Barbosa, suspeito de acobertar os criminosos. Leia a nota na íntegra:
Foram 2.202 dias de espera. 6 anos e 10 dias dessa dor que hoje não acaba, mas que encontra, finalmente, um momento de esperançar justiça e paz. E isso é apenas uma parte do que Marielle e Anderson merecem. Nesse domingo chuvoso de março, a verdade começou a ser desvelada. O que, diante da nossa dor, é o tempo de uma vida inteira depois daquele 14 que marcou mais do que nossas vidas - marcou a nossa carne e o próprio Estado Democrático de Direito.
A Polícia Federal realizou hoje uma operação para prender não um, mas três mandantes do assassinato brutal de Marielle e Anderson. Se os nomes de integrantes da família Brazão não causam surpresa ao serem revelados, a investigação da PF traz ainda mais um integrante desta odiosa trama: Rivaldo Barbosa, o então chefe da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. O anúncio do seu nome mostra que a Polícia Civil não foi apenas falha, mas cúmplice deste crime.
Rivaldo, que recebeu as nossas famílias logo após Marielle e Anderson serem assassinados, com o sorriso cínico que só as mais corruptas das burocracias podem produzir, nos dizendo que o caso seria uma prioridade máxima para ser solucionado o mais rápido possível. Seu nome envolto nessa execução brutal só demonstra o tamanho do abismo que vivemos no Estado do Rio de Janeiro, com instituições amplamente comprometidas nas teias mais podres do crime, da corrupção e do mercado de mortes.
Um passo decisivo foi dado, mas a luta por justiça que nossas famílias travam nesses longos seis anos não termina na manhã de hoje. Não descansaremos até que haja, enfim, uma sentença. E iremos além. Não descansaremos até que todos os sórdidos poderes que dominam este Estado sejam, enfim, derrotados.
À Polícia Federal, ao Ministério da Justiça, e ao Governo Federal, ao Ministério Público do Rio de Janeiro e ao Ministério Público Federal, expressamos o nosso mais profundo reconhecimento pelo compromisso de fazer valer este sopro de esperança. Há luta pela frente, e estaremos cada vez mais fortes para enfrentá-la.
Hoje vence a democracia. Hoje Marielle e Anderson começam a ter justiça por suas vidas ceifadas. Não descansaremos até que a Justiça seja feita de forma plena. Por Marielle e Anderson, por nossas famílias, pela democracia no Brasil.
Assinam Monica Benicio e Agatha Arnaus.
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